1615, Julho, 23
«Assento do último acto público a que presidiu o Doutor Francisco Suárez
e do último grau académico por ele conferido. (Actos e Graus,
1613-1616, t. 24, liv. 2, fl. 6)
Francisco Suárez, teólogo,
jurista e filósofo, nasceu em Granada em 1548 e faleceu em Lisboa em 1619. Foi
um dos lustres mais exímios da Companhia de Jesus, merecendo o cognome de “doutor
exímio”. Tendo adquirido uma formação deveras sólida, veio a ensinar depois nas
cidades de Salamanca, Segóvia, Valladolid e Ávih. Em 1580 dirigiu-se a Roma,
onde leccionou no Colégio Romano. A seguir vamos encontrá-lo em Alcalá,
exercendo igualmente aí o magistério.
Mas havia de ser em
Coimbra que o saber e a cultura muitos vastos de Suárez haviam de projectar-se
com maior vigor e poder de irradiação ao longo de vinte anos de fecundo
magistério teológico até se jubilar em 1616. A Universidade de Coimbra teve em
Francisco Suárez um dos seus maiores sábios de sempre, ao mesmo tempo que em
Évora brilhava o espírito de Luís de Molina.
A partir de 1617
dedica-se fundamentalmente à edição da sua vastíssima obra que foi publicada em
várias edições em diversas cidades europeias, como Salamanca, Madrid, Mogúncia,
Veneza, Bérgamo, Génova, Colónia, Paris, Genebra, Antuérpia, Londres, Nápoles e
Lião, e, evidentemente, nas portuguesas, como Évora e Coimbra.
O peso e a importância
de Francisco Suárez foram tão grandes que o seu pensamento sobre o Estado e o
Direito Internacional tem sido objecto, ainda no nosso século, de muitos
estudos em países como a Alemanha, a Argentina, o Brasil, a Espanha, a
Finlândia, a Inglaterra, a Itália e o Japão.
Os centenários da
incorporação de Suárez no claustro dos professores de Coimbra, em 1897; da sua
morte, com um congresso realizado em Granada; e do 4º centenário do seu
nascimento com um congresso efectuado em Madrid, Segóvia, Valladolid e
Salamanca, e sua conclusão em Coimbra; revestiram-se de grande brilho. António
de Vasconcelos escreveu um notável trabalho sobre Suárez, intitulado “Francisco
Sudrez (Doctor Exinrius)”.
1807, Julho, 30
Acta do conselho da Faculdade de Teologia em que são escolhidas algumas
obras de autores estrangeiros, como Gerbert, Dannemayer, Reineccius e Cocceius,
para leitura obrigatória dos alunos. (Actas das Congregações de
Teologia, 1799-1828, t. 2, fl.43 v.)
Martin Gerbert, O.S.B.,
barão de Hornan, nasceu em 1720 em Hoeb (Würtemberg) e notabilizou-se pela sua
acção de renovador dos estudos na abadia de St. Blasien (Floresta Negra), da
qual foi abade. Tendo-se aplicado com grande fervor à investigação histórica,
tornou-se um dos escritores alemães mais cultos do seu tempo. Deslocou-se em
1760 a França, à Itália, e à Alemanha a fim de recolher material que lhe
permitisse escrever uma história da Música sacra, obra que concluiu em 1784.
Mas os seus escritos sobre Teologia revelaram-se igualmente muito notáveis,
sendo alguns deles adoptados em muitos centros culturais, como sucedeu com a Universidade
de Coimbra.
Mathias Dannemayer, nasceu
em Öpinfgen (Alemanha) em 1741 e morreu em 1805. Ensinou História Eclesiástica
na Universidade de Friburgo, de que foi reitor, e Teologia em Viena. Foi um dos
autores mais seguidos nas Universidades e Seminários da Europa pelo valor dos
seus livros sobre História da Igreja, que foram também adoptados em Coimbra.
Cristiano Reineck (Reineccius), natural de Grossmühlingen (Alemanha), notabilizou-se como teólogo e
filósofo insigne. Ensinou Línguas e Filosofia em Leipzig. A sua obra sobre
filologia hebraica foi seguida em Coimbra.
Johannes Cocceius, teólogo
protestante, nasceu em Bremen e faleceu em Leiden. Foi um dos peritos de
Hebraico mais célebres do séc. XVII. Leccionou Teologia e Hebraico em Francker
e Leiden. Em Coimbra foi adoptado o seu Dicionário de Hebraico». In Manuel
Augusto Rodrigues, A Universidade de Coimbra e a Europa, 1537-1937, Exposição
Documental organizada pelo Arquivo da Universidade de Coimbra, 1987, Congresso
Nacional de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas.
Cortesia do Arquivo da U. de Coimbra/JDACT