Lisboa
Cortesia de wikipedia
«Partiu o Bronx da Mouraria...
Partiu o “teclafado”... Há uns anos, gravei uns fados com o Carlos e o Paleka e fiquei deveras admirado com o desenvolvimento harmónico, digno de os melhores standards americanos e de um lirismo e eruditismo invulgares. Passados uns anos, chegou-me à mão esse disco, sem estar editado, com uma capa desenhada a caneta bic, mas com óptima música no seu interior. Perguntei-me sou eu? Depois estive mais atento e as notas que estavam fora do lugar, eram minhas. Foi um disco incompleto, como a sinfonia de Schubert, pois o horário do comboio, apressou a minha partida para o Porto e alguns temas, foram gravados, apenas com baixo e piano.
Partiu o “teclafado”... Há uns anos, gravei uns fados com o Carlos e o Paleka e fiquei deveras admirado com o desenvolvimento harmónico, digno de os melhores standards americanos e de um lirismo e eruditismo invulgares. Passados uns anos, chegou-me à mão esse disco, sem estar editado, com uma capa desenhada a caneta bic, mas com óptima música no seu interior. Perguntei-me sou eu? Depois estive mais atento e as notas que estavam fora do lugar, eram minhas. Foi um disco incompleto, como a sinfonia de Schubert, pois o horário do comboio, apressou a minha partida para o Porto e alguns temas, foram gravados, apenas com baixo e piano.
O Carlos, se continuasse vivo,
poderia ser o Astor Piazzolla do fado, pois a sua maturidade musical, dá-lhe
mais que competências para poder chegar a esse nível. Só que ele partiu e o
João Courinha ficou órfão. Os improvisos entre os dois músicos ficaram
célebres.
Partiu, mas deixou-nos a sua
notável música e contrariamente ao que é costume, não vos peço um minuto de
silêncio para o Carlos, peço-vos antes um minuto da sua música. O Carlos foi um
grande compositor que os conservatórios ignoraram que as escolas de jazz não
entenderam e que um dia destes, numa orquestra celestial, mas com piano, ele
possa mostrar aos Anjos que os fados de dois tons, se podem tocar com vinte
acordes, ou apenas com um, com um acorde à Azevedo». In António Ferro.
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