sábado, 27 de outubro de 2012

Música. Jazz. Carlos Azevedo. «Partiu o Bronx da Mouraria... Partiu o “teclafado”... Partiu, mas deixou-nos a sua notável música e contrariamente ao que é costume, não vos peço um minuto de silêncio… Peço-vos antes um minuto da sua música»

(1949-2012)
Lisboa
Cortesia de wikipedia




«Partiu o Bronx da Mouraria...
Partiu o “teclafado”... Há uns anos, gravei uns fados com o Carlos e o Paleka e fiquei deveras admirado com o desenvolvimento harmónico, digno de os melhores standards americanos e de um lirismo e eruditismo invulgares. Passados uns anos, chegou-me à mão esse disco, sem estar editado, com uma capa desenhada a caneta bic, mas com óptima música no seu interior. Perguntei-me sou eu? Depois estive mais atento e as notas que estavam fora do lugar, eram minhas. Foi um disco incompleto, como a sinfonia de Schubert, pois o horário do comboio, apressou a minha partida para o Porto e alguns temas, foram gravados, apenas com baixo e piano.
O Carlos, se continuasse vivo, poderia ser o Astor Piazzolla do fado, pois a sua maturidade musical, dá-lhe mais que competências para poder chegar a esse nível. Só que ele partiu e o João Courinha ficou órfão. Os improvisos entre os dois músicos ficaram célebres.




Partiu, mas deixou-nos a sua notável música e contrariamente ao que é costume, não vos peço um minuto de silêncio para o Carlos, peço-vos antes um minuto da sua música. O Carlos foi um grande compositor que os conservatórios ignoraram que as escolas de jazz não entenderam e que um dia destes, numa orquestra celestial, mas com piano, ele possa mostrar aos Anjos que os fados de dois tons, se podem tocar com vinte acordes, ou apenas com um, com um acorde à Azevedo». In António Ferro.

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