Porque Nascemos
Nesta terra se criaram
desde tempos que lá vão,
os forcados que lidaram
em grupos com tradição.
Para quê viver maltes
quem nasceu no mesmo lar?
E pensaram desta vez
que era aqui o seu lugar…
Na Chamusca começou
o seu grupo de forcados,
com os filhos que gerou
e os que foram adoptados…
Muitos são saudade agora
- pois a vida é como é -
mas de novo a toda a hora
mais lhe dão orgulho e fé.
Meninos de sua Mãe
todos juntos, não dif'rentes,
sabe a Chamusca que tem
no seu grupo de valentes…
Triste Despedida
É triste para mim a despedida,
enorme toda a dor desta saudade,
chegar como cheguei ao fim da vida
e não poder voltar à mocidade...
Se tivesse outra vida p'ra viver,
se Deus me desse a voz que já perdi,
voltava firmemente a percorrer
o trilho que na vida percorri...
Não fiz nunca do fado profissão,
cantava p'ra dizer o que sentia,
cantava por amor e devoção...
Só podia cantar quando sofria.
Agora já velhinho e cansado,
a meus filhos deixei a minha lida,
em suas mãos entrego este meu fado
que foi toda a razão da minha vida...
E tenho esta certeza que me dá
a nobre condição do meu viver:
Alfredo Marceneiro viverá...
Enquanto o velho fado não morrer.
Poemas de Maria Manuel Cid,
in ‘Poemas’
JDACT