segunda-feira, 10 de junho de 2013

Poesia. A Vida Breve. «Súbdito inútil de astros dominantes, passageiros como eu, vivo uma vida que não quero nem amo, minha porque sou ela, no ergástulo de ser quem sou, contudo, de em mim pensar me livro, olhando no alto os astros que dominam submissos de os ver brilhar»

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Porque Nascemos
Nesta terra se criaram
desde tempos que lá vão,
os forcados que lidaram
em grupos com tradição.

Para quê viver maltes
quem nasceu no mesmo lar?
E pensaram desta vez
que era aqui o seu lugar…

Na Chamusca começou
o seu grupo de forcados,
com os filhos que gerou
e os que foram adoptados…

Muitos são saudade agora
 - pois a vida é como é -
mas de novo a toda a hora
mais lhe dão orgulho e fé.

Meninos de sua Mãe
todos juntos, não dif'rentes,
sabe a Chamusca que tem
no seu grupo de valentes…


Triste Despedida
É triste para mim a despedida,
enorme toda a dor desta saudade,
chegar como cheguei ao fim da vida
e não poder voltar à mocidade...

Se tivesse outra vida p'ra viver,
se Deus me desse a voz que já perdi,
voltava firmemente a percorrer
o trilho que na vida percorri...

Não fiz nunca do fado profissão,
cantava p'ra dizer o que sentia,
cantava por amor e devoção...
Só podia cantar quando sofria.

Agora já velhinho e cansado,
a meus filhos deixei a minha lida,
em suas mãos entrego este meu fado
que foi toda a razão da minha vida...

E tenho esta certeza que me dá
a nobre condição do meu viver:
Alfredo Marceneiro viverá...
Enquanto o velho fado não morrer.

Poemas de Maria Manuel Cid, in ‘Poemas

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