A senhora
duquesa de Brabante
«Tem
um leque de plumas gloriosas,
na
sua mão macia e cintilante,
de
anéis de pedras finas preciosas
a
senhora duquesa de Brabante.
Numa
cadeira de espaldar doirado,
escuta
os galanteios dos barões.
É
noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem
os jasmins e os corações.
Recorda
o senhor bispo acções passadas,
falam
damas de jóias e cetins,
tratam
barões de festas e caçadas
à
moda goda: aos toques de clarins.
Mas
a duquesa é triste. Oculta mágoa.
Vela
seu rosto de um solene véu.
Ao
luar, sobre os tanques chora a água…
Cantando,
os rouxinóis lembram o céu..
Dizem
as lendas que satã vestido
de
uma armadura feita de um brilhante,
ousou
falar do seu amor florido
à
senhora duquesa de Brabante.
Dizem
que o ouviram ao luar nas águas,
mais
loiro do que o sol, marmóreo, e lindo,
tirar
de uma viola estranhas mágoas,
pelas
noites que os cravos vêm abrindo…
[…]
Poema de Gomes Leal (parte),
in ‘A Alberto Osório de Castro’