Os domínios do mistério prometem as mais
belas experiências.
In
Einstein
O
reino do homem
«(…)
O Reino do Homem, prelúdio do Juízo
F'inal e da vinda do Ciclo novo, está expresso simbolicamente num curioso
quadro de madeira esculpida, conservado na igreja de São Salvador, também chamada
do Capítulo, de Figeac (Lot). Sob a concepção religiosa velando apenas o
seu evidente esoterismo, ele mostra Cristo menino adormecido sobre a cruz e rodeado
dos instrumentos da Paixão. Dentre estes atributos de martírio divino, seis foram,
intencionalmente, reunidos em X, assim como a cruz onde repousa Jesus infante e
que foi inclinada para dar esta forma por perspectiva. Assim, lembrando as
quatro idades, temos quatro X (khi)
gregos cujo valor numérico de ó00 nos fornece, como produto, os 2400 anos do
mundo. Ali se vê, pois, a lança de Longino reunida à cana ou cabo de hissope
encimado pela esponja embebida em oxicrato; depois, o feixe de vergastas e o
flagelo entrecruzados; por fim, o martelo que serve para enterrar os pregos da
crucificação e a turquês utilizada para os arrancar após a morte do Salvador.
Tripla
imagem da última irradiação, fórmula gráfica do espiritualismo declinante,
estes X marcam com o seu cunho o segundo período cíclico, ao fim do qual a
humanidade se debate nas trevas e na confusão, até ao dia da grande, revolução
terrestre e da rnorte libertadora. Se reunirmos estas três cruzes em aspa e
colocarmos o ponto de intersecção dos seus braços sobre um eixo comum,
obteremos uma figura geométrica de doze raios, sinabolizando os doze séculos
que constituem o Reino do Filho do Homem
e que sucedem aos doze precedentes do Reino
de Deus.
O
Dilúvio
Quando
o povo fala do fim do mundo evoca e traduz geralmente a ideia dum cataclismo
universal, levando simultaneamente à ruína total do Globo e ao extermínio dos
seus habitantes. Segundo esta opinião, a Terra, cortada do número dos planetas,
deixaria de existir. Os seus destroços, projectados no espaço sideral, cairiam em
chuva de aerólitos sobre os mundos próximos do nosso. Certos pensadores, mais
lógicos, tomam a expressão num sentido mais restrito. No seu parecer, a perturbação
não deverá atingir senão a humanidade. Afigura-se-lhes impossível admitir que o
nosso planeta desapareça, embora tudo o que vive, se move e gravita à sua
superfície esteja condenado a perecer. Tese platónica que podia ser aceitável,
se não implicasse a introdução irracional dum factor prodigioso: o homem renovado
nascendo directamente do solo, à maneira de um simples vegetal e sem semente
prévia.
Não
é assim que se deve enterader o firn do mundo, tal como nos é anunciado nas
Escrituras e tal como o relatam as tradições primitivas, quaisquer que sejam as
raças a que pertençam. Quando Deus, para punir a humanidade dos seus crimes,
resolveu sepultá-la sob as águas do dilúvio, não só a Terra foi afectada à
superfície, apenas, mas também certo número de homens justos e de eleitos,
havendo achado graça diante d’Ele, sobreviveram à inundação. Embora apresentado
sob aparências simbólicas, este ensinamento assenta numa base positiva.
Reconhecemos ali a necessidade física duma, regeneração animal e terrestre que
não pode, pois, levar ao aniquilamento total das criaturas, nem suprimir
qualquer das condições indispensáveis à vida do centro, do núcleo
salvaguardado. Portanto, apesar da sua aparente universalidade, apesar da
terrificante e longa agitação dos elementos desencadeados, estamos seguros de
que a imensa catástrofe não agirá igualmente por todo o lado, em tudo, nem sobre
toda a extensão dos continentes e dos mares. Certas regiões privilegiadas,
verdadeiras arcas rochosas, abrigarão os homens que ali se refugiarem. Ali,
durante um dia, com a duração de dois
séculos, gerações assistirão, angustiadas, espectadoras dos efeitos do
poderio divino, ao duelo gigantesco da â'gaa e do rfogo; numa calma relativa,
sob uma temperatura uniforme, à pálida e constante claridade dum céu baixo, o
povo eleito esperará que se faça a paz, que, dispersas as últimas nuvens ao
sopro da idade de ouro, a magia polícroma do duplo arco-íris lhe descubra o
fulgor de novos céus e o encanto duma
nova terra...» In Fulcanelli, 1930, Les Demeures
Philosophales, 1965, As Mansões Filosofais, colecção Esfinge, Edições 70,
Lisboa, 1977.
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