quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fascínios da Matemática: O Quipu

Cortesia de studyspanishsacredvalley
O Império Inca englobava a área que circunda a região de Cuzco, a maior parte do resto do Peru e algumas partes do Equador e do Chile. Embora os Incas não dispusessem de um sistema escrito de notações matemáticas e nem sequer uma linguagem escrita, geriram o império (com mais de três mil quilómetros de extensão) recorrendo aos quipus. Os quipus eram cordas com nós dispostos segundo um sistema decimal posicional. Um nó situado numa fiada mais afastada do cordão principal representava um, o que se localizava imediatamente a seguir representava dez, e assim sucessivamente. A ausência de nós num dos fios significava zero.

O tamanho, a cor e a configuração dos nós registava informações sobre a produção das colheitas, sobre os impostos, sobre a população e sobre outros temas.
Por exemplo, uma fiada amarela poderia representar ouro ou milho; num quipu sobre a população, o primeiro conjunto de fiadas representava os homens, o segundo conjunto representava as mulheres e o terceiro era destinado às crianças. Armas como as lanças, as setas e os arcos eram representados da mesma forma.
Cortesia de freewebs
Os registos referentes a todo o império Inca eram feitos por uma classe de escribas de quipus, que transmitiam aos filhos as suas técnicas. Em todos os níveis da administração havia escribas especializados em categorias específicas de quipus.
Na ausência da escrita, os quipus serviam como processo de registar os acontecimentos históricos - tais quipus históricos eram elaborados pelos armantus (homens sábios) e transmitidos à geração seguinte, que os utilizava como memória das histórias que lhes haviam sido narradas por via oral.
Era assim que estes «computadores primitivos» - os quipus -armazenavam nos seus bancos de memória as informações que mantinham a coesão de todo o império Inca.
Cortesia de ucalgary
A Estrada Real Inca prolongava-se por 5 200 quilómetros, desde o Equador ao Chile. Todos os aspectos da vida do vasto império Inca eram transmitidos através dessa estrada por meio de chasquis (corredores profissionais), que tinham a seu cargo um troço de três quilómetros cada um. Estavam tão familiarizados com esse troço que o conseguiam percorrer, a alta velocidade, tanto de dia como de noite, transportando a informação até ao local desejado. Os seus serviços, combinados com a utilização dos quipus, mantinham o imperador a par das transformações populacionais, do armamento, das colheitas, dos haveres, das possíveis revoltas e de outras informações úteis. Este sistema de informação funcionava vinte e quatro horas por dia e era generalizado e muito exacto.
Cortesia de Theoni Pappas

Esta ilustração de um quipu peruano foi desenhada por um índio do Peru, D. Felipe Poma de Ayala, entre 1583 e 1613. No canto inferior esquerdo, está representado um ábaco no qual, recorrendo a grãos de milho, eram efectuados cálculos, cujos resultados eram mais tarde transferidos para o quipu.

Com a devida vénia a Theoni Pappas, The Joy of Mathematics, Fascínios da Matemática, editora Replicação, Lda, 1ª edição, Junho de 1998, ISBN 972-570-204-2.
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