domingo, 3 de outubro de 2010

As Mulheres da República: Laura Summavielle. Um espelho da vivência democrática. Foi aderente da Cruzada das Mulheres Portuguesas

(1879-1971)
Fafe
Cortesia de viva-a-republica

Laura Soares de Oliveira casou em 1903, com o advogado José Summavielle Soares (1881-1969). Este licenciado em Direito destacar-se-ia politicamente, pelo seu enorme empenho em favor da República, sendo ele quem proclamou, nas varandas do Paços do Concelho, a implantação do novo regime em Fafe.

Cortesia de viva-a-republica
Laura Soares de Oliveira Summavielle, viveu desde que se casou neste ambiente de fortes tradições republicanas e, apesar dos dez filhos que deu à luz, a maternidade não a afastou da luta política do tempo. De facto, no jornal «A Semeadora», dirigido por Ana Castro Osório e propriedade da Empresa de Propaganda Feminista e de Defesa dos Direitos da Mulher, o seu nome é mencionado em 1916 como aderente da Cruzada das Mulheres Portuguesas, na qualidade de dirigente da Subcomissão de Fafe. A Cruzada era uma associação de «cariz patriótico» que pretendia evitar as perturbações sociais que a participação de Portugal na I Guerra Mundial traria inevitavelmente. A comissão de Fafe, tal como as sediadas noutras localidades, devia dar assistência local a crianças e mulheres e contribuir para o bem-estar «dos filhos da terra».

Cortesia de viva-a-republica
Laura Summavielle parece ter-se empenhado bastante neste trabalho, cuja vertente de assistência social deixava antever a propaganda feminina republicana. Nos anos seguintes participou ao lado do marido nas campanhas eleitorais. 
Um facto real e «espelho da vivência democrática»: quando foi proclamada a monarquia do Norte, e as bandeiras republicanas desapareceram de vários edifícios, na sua casa manteve hasteada a bandeira que os monárquicos não tiveram coragem de derrubar. A mesma atitude manteve quando da implantação do Estado Novo, manifestando o seu desagrado e exigindo o seu direito de voto nas eleições presidenciais.
A sua faceta irónica manifestou-se, aliás, por diversas vezes nas quadras que compôs contra a situação política da época. Era para todos certo e sabido que, sempre que passavam um 5 de Outubro, Laura Summavielle hasteava as bandeiras verdes e rubras na sacada de sua casa e também no Cine-Teatro de Fafe, onde nunca autorizou comícios da União Nacional.
Laura Summavielle morre aos 92 anos de idade, depois de ter viajado por numerosos países da Europa, muitas vezes sozinha, ou acompanhada das suas amigas e correlegionárias, o que na época era muito pouco vulgar.

Cortesia de viva-a-republica
 
Cortesia de wikipédia/CMFafe/JDACT