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NOTA: Ao arrumar uns livros na minha biblioteca, encontrei na letra F
uma revista solta. Era uma homenagem a Guilherme Nuno, após o brutal acidente
de viação que o vitimou, juntamente com sua esposa. Foi em 19 de Julho de 1971.
Pinharanda Gomes. Perda dolorosa e irreparável.
«Constituiu para mim um terrível choque a leitura do jornal de hoje,
quando, desprevenidamente, me encontrei a ler a notícia da inesperada morte do
bom amigo e grande folclorista português Guilherme Nuno, cuja dedicação à cultura
popular, e cuja capacidade de trabalho, aliadas a uma notável sensibilidade de
artista, faziam dele uma das grandes esperanças portuguesas por um folclore
verdadeiro em Portugal.
Devia-lhe muitas atenções, uma das quais e não a menor, terá sido a de
me ter querido entre os colaboradores da ‘Revista’, e de como tal me ter considerado,
muito embora, nem sempre, e agora o lamento, eu tenha correspondido com a mesma
generosidade do Guilherme Nuno.
Morrer é o fim de cada um de nós. Morrer desastradamente como o
Guilherme Nuno é uma injustiça. Ele merecia muitos anos de vida. Nós todos precisávamos
dele.
Aceite, as minhas sinceras
mágoas por uma perda tão dolorosa e irreparável como esta. E faço votos para
que a dedicação, o espírito e o exemplo do Guilherme Nuno sejam pontos cardiais
de futura acção de “Folcore”. Que Deus o tenha na Sua mão direita». In Pinharanda
Gomes, Revista Folclore, nº 20, Agosto/Outubro, Ano III, 1971.
Cortesia de Folclore/JDACT