Em Portugal, os pelourinhos ou picotas, a designação mais antiga e popular, dos municípios localizavam-se sempre em frente ao edifício da câmara, desde o século XII. Muitos tinham no topo uma pequena casa em forma de guarita, feita de grades de ferro, onde os delinquentes eram expostos para a vergonha pública. Noutros locais os presos eram amarrados às argolas e açoutados ou mutilados, consoante a gravidade do delito e os costumes da época.
De estilo românico, gótico ou renascentista, muitos dos pelourinhos em Portugal constituem exemplares de notável valor artístico.
Segundo Alexandre Herculano e Teófilo Braga, os pelourinhos tiveram origem na columna moenia romana que distinguia com certos privilégios, as cidades que os possuiam. Os pelourinhos normalmente são constituídos por uma base sobre a qual assenta uma coluna ou fuste e terminam por um capitel. Nalguns pelourinhos, em vez da base construída pelo homem, eram aproveitados afloramentos naturais.
Consoante o remate do pelourinho, estes podem classificar-se em:
- Pelourinhos de gaiola;
- Pelourinhos de roca;
- Pelourinhos de pinha;
- Pelourinhos de coluço (gaiola fechada);
- Pelourinhos de tabuleiro (gaiola com colunelos);
- Pelourinhos de chaparasa;
- Pelorinho de coruchéu;
- Pelourinhos de bola;
- Pelourinhos tipo bragançano;
- Pelourinhos extravagantes (de características invulgares).
Muitos pelourinhos foram destruídos pelos liberais a partir de 1834 por os considerarem um símbolo de tirania.
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O Pelourinho de Proença-a-Velha terá sido erigido, segundo alguns investigadores, no século XVI, na sequência da concessão do Foral Novo, por El-Rei D. Manuel I, em 1 de Julho de 1510, confirmando a esta antiga Vila beirã o estatuto concelhio que lhe havia sido outorgado em 1218, por D. Pedro Alvites, Mestre dos Templários, Ordem à qual D. Afonso Henriques havia doado toda esta região aquando da reconquista Cristã, para que a defendessem e repovoassem.
A reforçar a tese da construção quinhentista temos a decoração do capitel, de características marcadamente manuelinas, com ornamentação onde surgem cordas, esfera armilar, armas reais e a cruz da Ordem de Cristo, da qual D. Manuel era o também o Mestre.
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O pelourinho encontra-se no Largo da Praça, um espaço rectangular, no qual merecem também destaque as casas da antiga Câmara Municipal, que lhe ficava defronte, como era comum na época, e ainda uma habitação com elementos de raiz manuelina e também a Torre do Relógio. A esta praça confluem a Rua da Estrada, a Rua da Igreja, a Rua do Relógio, a Travessa do Castelo e as antigas Ruas das Canastas e Ruinha, actualmente denominadas de Rua Conde de Proença-a-Velha e Rua Heróis do Ultramar, respectivamente.
De características manuelinas, com fuste prismático octogonal e capitel heráldico, foi construído em granito, por mestre desconhecido, mas que dominava habilmente a arte de cantaria e que terá eventualmente sido responsável, ou a sua escola, por outros pelourinhos de alguns concelhos vizinhos, pois são notórias certas semelhanças com alguns elementos dos pelourinhos de Idanha-a-Velha, Salvaterra do Extremo e Segura. O pelourinho é constituído por plataforma circular, com 4 degraus, no cimo dos quais assenta uma coluna, com base, fuste e capitel octogonais. O capitel, com os já mencionados elementos decorativos marcadamente manuelinos, intercalados e ligados por cordas, apresenta nos lados Norte e Sul a Cruz de Cristo, no lado Oeste a esfera armilar e no lado Este as armas reais, sendo encimado e rematado por grinaldas. Lá no alto, cravado no topo do capitel, um catavento em ferro com meias esferas na base e encimado por bandeidola e pela Cruz de Cristo.
Dizem-nos os historiadores que os pelourinhos eram um símbolo do poder régio, mesmo quando as povoações pertenciam a outros, como era o caso de Proença, que foi da Ordem do Templo e mais tarde da Ordem de Cristo.
Localizado no centro social da povoação, no largo em redor do qual, até finais do último quartel do séc. XX, existiam muitas das tabernas da povoação, por aqui se juntavam os homens, que sentados nos seus degraus descansavam e ponham as conversas em dia.
O Pelourinho de Proença-a-Velha encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Dec. nº 23122, publicado em 11 de Outubro de 1933.
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