O Mistério. Os Possíveis Tesouros
«(…) Nos tempos pré-históricos,
por exemplo, a área ao redor de Rennes-Ie-Château era considerada sítio sagrado
pelas tribos celtas que viviam por perto. A cidade em si, antes chamada Rhédae,
deriva seu nome de uma dessas tribos.
Nos tempos modernos, uma comunidade grande e promissora ocupara a área,
importante por suas minas e fontes termais terapêuticas. Os romanos também consideravam sagrado o local. Mais tarde,
pesquisadores ali encontraram traços de
templos pagãos.
Durante o século VI, o pequeno
vilarejo pendurado no topo da montanha possuía presumivelmente 30 mil
habitantes. Ele parece ter sido, em determinada época, a capital nortista do
império dos visigodos, o povo teutónico que varreu a Europa de centro a oeste,
saqueou Roma, derrubou o Império Romano e estabeleceu seu próprio
domínio cavalgando sobre os Pirinéus.
A cidade permaneceu como sede de uma importante região, ou condado,
o Condado de Razès, por mais quinhentos anos. No início do século XIII, uma
armada de cavaleiros do norte desceu pelo
Languedoc para exterminar as heresias cátaras e albigenses e requisitar para si os ricos espólios da região. Durante
as atrocidades da chamada Cruzada Albigense, Rennes-le-Château foi tomada e transferida de mão em mão, como um
domínio. Após pouco mais de um século, por volta de 1360, a população local foi
dizimada por uma peste; logo depois, Rennes-le-Château foi destruída por bandos
catalães.
As lendas de tesouros fantásticos
são entremeadas por essas vicissitudes históricas. Os hereges cátaros, por
exemplo, eram considerados possuidores de alguma coisa de valor fabuloso e
mesmo sagrado que, segundo várias lendas, era o cálice sagrado.
Estas lendas, segundo relatos,
teriam impelido Richard Wagner a peregrinar
até Rennes-le-Château antes de compor sua última ópera, Parsifal; durante a ocupação de 1940-1945, época em
que Wagner foi muito popular, as tropas alemãs teriam realizado inúmeras escavações infrutíferas nas
vizinhanças. Havia também o tesouro desaparecido dos templários, cujo grão-mestre,
Bertrand de Blanchefort, teria organizado misteriosas escavações nas vizinhanças.
Segundo todos os relatos, essas escavações eram de natureza marcadamente
clandestina, realizadas por contingentes de mineiros alemães trazidos
especialmente para este fim. Algum tipo de tesouro de templários, guardado ao
redor de Rennes-le-Château, explicaria a referência a Sion no pergaminho
descoberto por Saunière.
Outros tesouros existiram. Entre
os séculos V e VIII, grande parte da França foi governada pela dinastia merovíngia, que incluía o rei Dagobert II.
Rennes-le-Château, no tempo de Dagobert, era um baluarte visigodo, e o próprio
Dagobert foi casado com uma princesa visigoda. A cidade poderia ter constituído
algum tipo de tesouro. Há documentos que falam da grande riqueza acumulada por
Dagobert e guardada nos arredores de Rennes-le-Château, visando conquistas
militares. A descoberta de algum desses depósitos por Saunière explicaria a
referência a Dagobert nos códigos.
Os cátaros. Os templários.
Dagobert lI. E ainda um tesouro, produto de saques acumulados pelos visigodos
durante seus avanços tempestuosos pela Europa. Tal tesouro poderia incluir mais
que o resultado de saques convencionais, possivelmente, artigos de relevância, tanto
simbólica quanto literal, para a tradição religiosa ocidental. Em resumo, o
legendário tesouro do Templo de Jerusalém poderia estar aí incluído, o qual, ainda mais que os templários,
explicaria a referência a Sinai.
Em 66 d.C., a Palestina ergueu-se
em revolta contra o jugo romano. Quatro anos depois, em 70 d. C., Jerusalém foi
arrasada pelas legiões do imperador, sob o comando de seu filho Titus. O Templo
foi saqueado, e o conteúdo do lugar mais sagrado dos sacros foi levado
para Roma. Conforme descrição no arco triunfal de Titus, este conteúdo incluía
o imenso candelabro de sete braços, tão sagrado ao judaísmo, e possivelmente a
Arca da Aliança». In Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincolin, O Santo Graal e a
Linhagem Sagrada, Editora Nova Fronteira, 2015, ISBN 978-852-090-474-9.
Cortesia de ENFronteira/JDACT
JDACT, Michael Baigent, Richard Leigh, Henry Lincolin, Literatura, Religião, Conhecimento,