Com a devida vénia ao Dr. José Maria Rodrigues (3.1761-06184643-2), Coimbra, 1910
Volta de Ceuta
«(…)
Amor,
com a esperança já perdida,
teu
soberano templo visitei;
por
sinal do naufrágio que passei,
em
lugar dos vestidos, pus a vida.
Que
mais queres de mi, pois destruida
me
tens a gloria toda que alcancei?
Não
cuides de render-me, que não sei
tornar
a entrar-me onde não ha saída.
Vês
aqui a vida e a alma e a esperança,
doces
despojos de meu bem passado,
em
quanto o quis aquella que eu adoro.
Nelles
podes tomar de mi vingança;
e,
se te queres inda mais vingado,
contenta-te
co as lagrimas que choro.
(Soneto
50).
Pensamentos,
que agora novamente
cuidados
vãos em mim resuscitais,
dizei-me:
e ainda vos não contentais
de
ter, a quem vos tem, tão descontente?
Que
phantasia é esta, que presente
cada
hora ante os olhos me mostrais?
Com
uns sonhos tão vãos inda tentais
quem,
nem por sonhos, póde ser contente?
Vejo-vos,
pensamentos, alterados
e
não quereis, de esquivos, declarar-me
que
é isto, que vos traz tão enleados?
Não
me negueis, se andais para negar-me,
porque,
se contra mi 'stais levantados,
eu
vos ajudarei mesmo a matar-me.
(Soneto
93).
Pois se nem mesmo em versos que se occupam ex professo da menina dos olhos verdes, Camões deixa de se referir aos seus passados amores!»
In Dr José Maria Rodrigues, Camões e a
Infanta D. Maria, Separata do Instituto, Imprensa da Universidade de Coimbra,
Coimbra, 1910, há memória do Mal-Aventurado Príncipe Real Luís Philippe (3 1761
06184643.2), PQ 9214 R64 1910 C1
Robarts/.
Cortesia do AHistórico/UCoimbra/JDACT
Camões, Didácticas, Infanta D. Maria, JDACT, Dr José Maria Rodrigues, Universidade de Coimbra, 500 Anos de Camões,