Cortesia de geetchaturvedi
Fragmento de frio
Porque cegamos
No dia que sai connosco,
E porque vimos o nosso hálito
Embaciar
O espelho do ar,
A nada se abrirá
O olho do ar
Senão à palavra
Que renunciamos: o inverno
Terá sido um espaço
De maturidade.
Nós que nos tornamos nos mortos
De outra vida que não a nossa.
Paul Auster
Irlanda
Gasta de turfa, ó tu em abandono posta de charnecas,
Tu, a mais nua, banhada na escuridão
Da profunda e verdejante
Ravina, da cama cinzenta
Que o meu fantasma
Furtou à boca
Das pedras – investe-me de silêncio
Com que ampare as asas das gralhas, concede-me
Que de novo passe por aqui
E respire o ar acerbo e maltratado
Que ainda trafica a tua vergonha,
Dá-me o direito de te destruir
Na língua que empala
A nossa colheita, as cruéis
Searas do frio.
Paul Auster
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