quarta-feira, 12 de maio de 2010

Museu Nacional do Azulejo: Mosteiro da Madre de Deus. Um lugar de memória e de vivências passadas

Cortesia do MN do Azulejo
De acordo com a sua Lei Orgânica, o Museu Nacional do Azulejo tem por missão recolher, conservar, estudar e divulgar exemplares representativos da evolução da Cerâmica e do Azulejo em Portugal.
Promove as boas práticas de Inventariação, Documentação, Investigação, Classificação, Divulgação, Conservação e Restauro da Cerâmica e, muito em especial, do Azulejo. Além dos atributos atrás divulgados, tem ainda a missão de salvaguardar o património da igreja e dos demais espaços do antigo Mosteiro da Madre de Deus.
O Museu procura constituir-se como referência nacional e internacional, seja pela especificidade das suas colecções e dos seus espaços musealizados, seja pela excelência dos conhecimentos que lhe compete produzir e apoiar. A principal referência das suas actividades é a Cerâmica de Revestimento, pelo que deve constituir-se como entidade de referência e apoio à formação académica e profissional, à investigação científica e tecnológica nas áreas da cerâmica de revestimento, cabendo-lhe apoiar as entidades públicas e privadas que tutelam patrimónios construídos com revestimentos cerâmicos por todo o país.
Cortesia do MN do Azulejo
Através das suas actividades, o museu dá a conhecer a história do Azulejo em Portugal procurando chamar a atenção da sociedade para a necessidade e importância da protecção daquela que é a expressão artística diferenciadora da cultura portuguesa no mundo: o Azulejo.
O Museu Nacional do Azulejo é um dos mais importantes museus nacionais, pela sua colecção singular, o Azulejo, expressão artística diferenciadora da cultura portuguesa, e pelo edifício ímpar em que se encontra instalado, o antigo Mosteiro da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha D. Leonor.
Cortesia do MN do Azulejo
Com o objectivo de realizar uma exposição comemorativa dos 500 anos do nascimento da Rainha D. Leonor a Fundação Calouste Gulbenkian custeou as despesas com grandes obras de restauro, designadamente, no claustro e pinturas, da Igreja da Madre de Deus. No ano de 1957 iniciaram-se os trabalhos preparatórios tendo-se considerado dever classificar todo o conjunto como Monumento Nacional, e por despacho ministerial de homologação no dia 12 de Novembro de 1957, ficou determinado a sua integração no Museu Nacional de Arte Antiga através de orientações políticas específicas de salvaguarda patrimonial.
Após longas negociações, o Decreto-Lei nº 404/80, de 26 de Setembro, concedeu ao Museu do Azulejo a «emancipação», tornando-o Nacional e autonomizando-o em relação ao Museu Nacional de Arte Antiga, do qual constituía um anexo desde 18 de Dezembro de 1965.
Cortesia do MN do Azulejo
Fundado por iniciativa da Rainha D. Leonor, mulher de D. João II e irmã de D. Manuel, o espaço conventual da Madre de Deus começou por ser constituído por algumas casas e horta compradas à viúva de Álvaro da Cunha, no qual se constituiu um núcleo modesto com o objectivo de albergar um pequeno grupo de freiras Franciscanas Descalças da primeira Regra de Santa Clara, recém-chegadas do convento de Jesus em Setúbal. A igreja, espaço fundamental para a comunidade, só mais tarde veio a ser completada.
O sítio onde crescia o conjunto monástico da Madre de Deus, constituía um dos mais aprazíveis lugares do termo de Lisboa, banhado pelo rio e povoado de hortas e pomares que abasteciam a cidade. Do núcleo primitivo do mosteiro pouco se sabe hoje em dia, embora seja seguro afirmar que a sua planta repete a do Mosteiro da Rosa e, apenas um registo iconográfico que relata a chegada das relíquias de Santa Auta ao convento, facto que na realidade ocorreu em 1517. O conjunto arquitectónico deixado por D. Leonor, à data da sua morte, era verdadeiramente exíguo, e as queixas das freiras levaram à realização de uma grande campanha de remodelação empreendida por D. João III.
Cortesia do MN do Azulejo
Segundo a documentação de época, D. João III ordenou ao Arquitecto Diogo de Torralva que traçasse uma nova igreja para a Madre de Deus, de dimensões mais amplas e com um novo coro. As crónicas conventuais informam ainda que a antiga igreja de D. Leonor foi adaptada a sala do capítulo. Também desta campanha data o claustro com as suas varandas de pedraria e devotíssimas capellas. Nascia assim, um edifício de raiz clássica com uma capela-mor de planta quadrada, coberta por uma cúpula, cujo tambor seria rasgado por janelas que as freiras pediram ao Rei para encerrar, pois sentiam muito a devassa. A própria articulação da capela-mor com o corpo da igreja, de nave única, remete para os modelos Serlianos. De igual forma, o claustro reflecte os modelos clássicos, não só a nível da nova escala como também na linguagem arquitectónica. A devoção ao convento foi tão sentida por D. João III que mandou construir um passadiço do Paço contíguo para a igreja a fim de poder assistir à missa da tribuna real. Nas palavras de Frei Jerónimo de Belém para melhor expressar o seu amor «se mandou retratar, e á Rainha sua mulher e em dous quadros se achão os seus retratos no coro».
O Terramoto de 1755 provocou alguma ruína no edifício, em particular a igreja com o desabamento de paredes meias com o coro, a destruição do altar-mor, a queda de pinturas do tecto da igreja e do coro-alto.
Cortesia do MN do Azulejo
Todo este conjunto produzia nos fiéis grande emoção devido à decoração total dos espaços, característica do Barroco, e à riqueza dos materiais (azul dos azulejos, o dourado da talha, a policromia das pinturas a óleo) contribuindo para exemplificar o conceito de arte total. O século XIX trouxe ao edifício profundas modificações institucionais e funcionais, tendo a extinção das ordens religiosas, em 1834, posto fim às actividades cultuais daquela Instituição. Para o local foram sendo conduzidos e armazenados painéis de azulejos, que inicialmente se destinavam à decoração dos espaços, mas que acabaram por ali permanecer guardados em caixotes.


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Assim se desenvolveu o Museu Nacional do Azulejo. Uma «pedra viva» na Arte de Portugal.

Tal como qualquer organismo, os edifícios também precisam de «crescer», de se modificar, de se valorizar. São lugares de memória e de vivências passadas, tornando-se, por tudo isto, espaços vivos.
Cortesia do Museu Nacional do Azulejo/JDACT

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