quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sebastião da Gama: O Poeta da Serra da Arrábida

(1924-1952)
Cortesia de geopedrados

Sebastião da Gama, foi um poeta português. Exerceu a actividade docente nas cidades de Lisboa, Setúbal e Estremoz. Era licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi colaborador das revistas Árvore e Távola Redonda.
Sebastião Artur Cardoso da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário (iniciado em 1949). De acordo com os críticos literários, não esteve dependente de qualquer escola, afirmando-se pela sua temática (amor à natureza, ao ser humano) e pela candura muito pessoal que caracterizou os seus textos. Por motivos de saúde, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica Serra da Arrábida a alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. Nos últimos anos foi instituído um Prémio Nacional de Poesia com o seu nome. Foi fundador da Liga para a Protecção da Natureza em 1948.

Cortesia de bibliblogue.wordpress
Estreou-se com Serra Mãe (1945), publicou Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946, em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951). Após a sua morte, foram editados Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994). A obra Diário, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.
No ano de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.
Morre aos 27 anos de idade, de tuberculose renal de que sofria desde adolescente.

O Sonho
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama, Pelo Sonho é que Vamos

Elegia segunda
Todos os pássaros, todos os pássaros
Asas abriam, erguiam cantos,
De Amor cantavam.
Todos os homens, todos os homens,
De almas abertas, de olhos erguidos,
De Amor cantavam.
De Amor cantavam todos os rios,
Todas as serras, todas as flores,
Todos os bichos, todas as árvores,
Todo os pássaros, todos os pássaros,
Todos os homens, todos os homens.
De Amor cantavam...
Sebastião da Gama, Campo Aberto

Cortesia de belostextos.aaldeia

wikipédia/JDACT

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