(1893-1970)
Cortesia de catedral
José Sobral de Almada Negreiros foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista e um dos principais colaboradores da Revista Orpheu. Parte da sua infância foi passada na ilha de São Tomé e Príncipe, terra natal de sua mãe, Elvira Freire Sobral Bristot. Em 1911, Almada Negreiros, entra para a Escola Internacional de Lisboa onde irá desenvolver o seu trabalho, publicando, ainda nesse ano, o seu primeiro desenho na revista A Sátira. Publica também o jornal manuscrito A Paródia, onde é o único redactor e ilustrador. Em 1913, apresenta, na Escola Internacional de Lisboa, a sua primeira exposição individual, composta de 90 desenhos.Nesta Escola trava conhecimento com Fernando Pessoa, com quem edita a Revista Orpheu, juntamente com Mário de Sá Carneiro. A propósito desta revista, há uma troca de palavras com Júlio Dantas, (médico, poeta, jornalista e dramaturgo) ao afirmar que a revista é feita por gente sem juízo. Irónico, mordaz, provocador mesmo, Almada responde com o Manifesto Anti-Dantas (declamado por Mário Viegas) onde escreve: «…uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!». Recebeu o Prémio Columbano pela sua tela intitulada Mulher.
O manifesto teve algum impacto no meio artístico; é tempo de mudar as mentalidades e a sociedade, e Almada fá-lo como poucos, atacando a cultura burguesa instituída e os seus representantes ao mais alto nível. Em 1927, volta a deixar Portugal, desta vez para Espanha, onde, além de colaborar com diversas revistas, escreve El Uno, Tragédia de la Unidad, obra dedicada à pintora Sarah Afonso.
A partir daqui, Almada dedica-se principalmente ao desenho e à pintura. Pinta os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que o público, agarrado às tradições, não aprecia, o conhecido retrato de Fernando Pessoa (1954), os painéis das gares marítimas de Alcântara e da Rocha Conde de Óbidos, pelas quais recebe o Prémio Domingos Sequeira, pinta o Edifício da Águas Livres e frescos na Escola Patrício Prazeres, pinta as fachadas dos edifícios da Cidade Universitária e faz tapeçarias para o Tribunal de Contas e para o Palácio da Justiça de Aveiro, entre muitas outras obras de arte.
Os seus últimos trabalhos, já com 75 anos, são o Painel Começar na Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Pinta também o seu célebre quadro «as mulheres amam-se».
Almada Negreiros morre aos 77 anos de idade, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital em que também tinha morrido Fernando Pessoa.
Almada Negreiros morre aos 77 anos de idade, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital em que também tinha morrido Fernando Pessoa.
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