terça-feira, 17 de agosto de 2010

Orlando Ribeiro: Dedicado ao ensino e investigação em Geografia, sendo considerado o renovador desta ciência no Portugal do século XX. O geógrafo português com mais ampla projecção a nível internacional

(1911-1997)
Lisboa
Cortesia de geo
Orlando Ribeiro foi um geógrafo e historiador português. Orlando Ribeiro dedicou toda a sua vida ao ensino e investigação em Geografia, e é a justo título considerado como o renovador desta ciência em Portugal. Foi também o geógrafo português do século XX com mais projecção ao nível internacional. A sua vasta obra inclui não só científicos na Geografia, mas revela também uma diversidade de interesses intelectuais invulgares.
Orlando Ribeiro veio a doutorar-se em 1935 pela Universidade de Lisboa com a tese «A Arrábida, esboço geográfico». Entre 1937 e 1940 (durante a guerra) viveu em Paris, e trabalhou na Sorbonne, com Marc Bloch, Emmanuel de Martonne e A. Demangeon. Em 1943, já em Lisboa, fundou o Centro de Estudos Geográficos.

Da sua intensa actividade científico-académica destaca-se Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Em 1966, o Centro de Estudos Geográficos começou a publicar a revista Finisterra, que foi e continua a ser a principal publicação da Geografia portuguesa, com projecção internacional.

Cortesia de orlando-ribeiro
O interesse intelectual de Orlando Ribeiro pela História, Antropologia e Etnografia foi desenvolvido essencialmente enquanto discípulo de David de Melo Lopes e de Leite de Vasconcelos. Ribeiro lançou-se também na Geologia com Carlos Teixeira. Trabalhou ainda com Juvenal Esteves, Barahona Fernandes e Celestino da Costa.
 
Obras:
  • Finisterra;
  • A Arrábida. Esboço Geográfico, (1935);
  • Portugal o Mediterrâneo e o Atlântico, (1945);
  • A Ilha de Fogo e as Suas Erupções, (1954 e 1960);
  • Portugal, (1955);
  • Mediterrâneo. Ambiente e Tradição, (1968);
A renovação da Geografia, pela introdução do factor humano como elemento central à compreensão geográfica entendida como síntese de muitas realidades, é antes de mais fruto de um espírito humanista que desde os anos de jovem o impulsionava para o conhecimento da História, da Antropologia, da Etnografia, através do contacto, entre outros, com David Lopes, seu professor, e Leite de Vasconcellos, de quem foi também, desde muito jovem e ao longo da vida, dedicado discípulo.
Mas o alargamento de horizontes da Geografia como ciência é também resultado do seu espírito curioso e independente que, ainda nos bancos da escola, o levou a manter ligações com cientistas de outras áreas, onde procurou alicerces de uma formação naturalista que sempre consideraria indispensável a um geógrafo. Aprendeu geologia trabalhando no campo com Fleury e colaborando mais tarde com Carlos Teixeira e Zbyszewsky. Reflexões metodológicas e sobre questões de biologia, buscou-as na medicina através de amigos como Juvenal Esteves, Barahona Fernandes ou Celestino da Costa. Com eles partilhava também a inspiração universalista da literatura e da música. É sobre Goethe a sua primeira conferência, no ano do centenário da morte do escritor (1932), e o seu primeiro artigo, Geografia humana, é publicado, em 1934, numa revista de medicina.

Cortesia de orlando-ribeiro
Centro de Estudos Geográficos, CEG
Cidadão interveniente e profícuo prosador sobre muitos outros temas como a ciência, o ensino e a universidade, as reformas educativas ou os problemas coloniais, Orlando Ribeiro usou sempre de uma frontalidade que, se não diminuía o respeito científico que lhe era reconhecido, também nunca facilitou as suas relações com os órgãos de decisão, desde o Estado Novo ao período pós 25 de Abril.
Por muito tempo teve, como resposta às suas opiniões, um invariável silêncio. Contrastando com o precoce reconhecimento a nível internacional, a difusão da sua obra e as honras oficiais, no seu próprio país, surgiram muito tardiamente.

Alguma Bibliografia:
  • Amaral, Ilídio do, "O Centro de Estudos Geográficos de Lisboa (1943-1973)", , Lisboa, VIII, 16, 1973, p. 310-315;
  • Idem, A "Escola de Geografia de Lisboa" e a contribuição para o conhecimento geográfico das regiões tropicais, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos, 1979;
  • Idem, "Homenagem a Orlando Ribeiro", Finisterra, Lis­boa, XVI, 31, 1981, p. 5-14;
  • Idem, "Geógrafos e Geografia na Faculdade de Letras de Lisboa", Revista da Faculdade de Letras, Lisboa, 1983, p. 68-82;
  • Amaral, Ana e Ilídio do Amaral, Bibliografia Científica de Orlando Ribeiro, Lisboa, Centro de Estudos Geográficos, 1984;
  • Azevedo, A. Lobo de - "Calor e secura: elementos climáticos da agri­cultura portuguesa", Ler História, Lisboa, 13, 1988, p. 135-138;
  • Barreto, António, "Orlando Ribeiro" in Dicionário de História de Portugal, IX - Suplemento P/Z, coord. António Barreto e Maria Filomena Mónica, Porto, Figueirinhas, 1999, p. 267-268;
  • Gama, António - "Os sentidos de Mediterrâneo e a Geografia Portuguesa: a interpretação culturalista de Orlando Ribeiro", Aprender, Portalegre, 10, 1990, p. 45-48;
  • Garcia, João Carlos - "As cidades na obra de Orlando Ribeiro", Penélope, Lisboa, 7, 1992, p. 107-114;
  • Idem - "Orlando Ribeiro (1911-1997), o Mundo à sua procura" Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Geografia, Porto, XIV, 1998, p. 107-116;
  • Gaspar, Jorge - "O jubileu de Orlando Ribeiro, um marco simbólico na Geografia Portuguesa", O Professor, Lisboa, 29, 1981, p. 30-33;
  • Idem - "Orlando Ribeiro", Finisterra, Lisboa, XXXIII, 65, 1998, p. 3-6;
  • Leal, João - "Orlando Ribeiro, Jorge Dias e José Cutileiro: imagens do Portugal mediterrânico", Ler História, Lisboa, 40, 2001, p. 141-163;
  • Medeiros, Carlos Alberto - "Um marco indelével na Geografia portuguesa", Ler História, Lisboa, 13, 1988, p. 131-135;
  • Idem - A Geografia no sentir de Orlando Ribeiro, Lisboa, Ministério da Educação, 1998;
  • Oliveira, Ernesto Veiga de - "Orlando Ribeiro e a Etnologia", Ler História, Lisboa, 13, 1988, p. 138-142;
  • Siza, Teresa, Jorge Gaspar e Suzanne Daveau - Finisterra. Imagens de Orlando Ribeiro, Coimbra, Encontros de Fotografia, 1994.
Cortesia de Centro de Estudos Geográficos/orlando-ribeiro/JDACT