sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Temática, O Budismo: Um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo. Uma filosofia de vida onde não há crenças e que engloba um conjunto de tradições e práticas baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, «O Iluminado»

Cortesia de associacaomeditardecuiaba
O budismo é uma «filosofia» (filosofia somente no sentido de ter amor pelo saber superior) onde não há crenças e que engloba um conjunto de tradições e práticas baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda «O Iluminado».
Buda viveu e desenvolveu o ensinamento no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos IV e VI A. C.. É reconhecido pelos adeptos como um mestre iluminado que compartilhou as suas ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento, alcançando o Nirvana «Nibbana» e escapando do que é visto como um ciclo de sofrimento do renascimento.
Alguns mestres budistas ensinam que o Nirvana é uma percepção e não um estado, pois nem todas as escolas do budismo creem em vivendo e aprendendo.
O budismo pode ser divido em dois grandes ramos:
  • Teravada «A Escola dos Anciãos»;
  • Mahaiana «O Grande Veículo».
Teravada é o mais antigo ramo do budismo e é bastante difundido nas regiões do Sri Lanka e sudeste da Ásia, já o segundo, Mahaiana, é encontrado em toda a Ásia Oriental e inclui, dentro de si, as tradições e escolas Terra Pura, Zen, Budismo de Nitiren, Budismo Tibetano, Tendai e Shingon. Em algumas classificações, a Vajrayana aparece como subcategoria de Mahaiana, entretanto é reconhecida como um terceiro ramo.

Cortesia de eusoucristaopj
Sendo o budismo uma prática muito popular na Ásia, os dois ramos são encontrados em todo o mundo, tornando-o na 5ª maior religião do mundo.
As bases das tradições e práticas são as Três Jóias:
  • O Buda; 
  • O Darma (ensinamentos);
  • O Sangha (a comunidade).
Encontrar «refúgio na jóia tríplice» é, em geral, o que distingue um budista de um não-budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar num monástico da comunidade e cultivar a plena consciência e sabedoria, estudando as escrituras, com exercícios físicos, devoção e cerimónias, e até mesmo a invocação de Bodisatva.

De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini, hoje património mundial da UNESCO, por volta do ano 536 A. C., e cresceu em Kapilavastu, ambos localizados onde hoje está o Nepal. Logo após o nascimento de Siddhartha, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe e profetizou que ele viria a tornar-se um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo.
Aos 29 anosSiddhartha, aventurou-se para fora do palácio por diversas vezes. Nessas saídas ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e em paz com o mundo.
Cortesia de religioesnaocristas
Siddhartha Gautama abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de caminho do meio:
  • Um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo.
Quando tinha 35 anos de idade, Siddhartha sentou-se debaixo de uma árvore, hoje conhecida como árvore de Bodhi, localizada no Bodh Gaya, na Índia, e prometeu não sair dali até conseguir atingir a «iluminação». Sempre enfatizou que não era um deus e que a capacidade de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Morre aos 80 anos de idade, em 483 A. C., em Kusinagar, na Índia.
A maioria dos estudiosos aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, no livro O Buda, o esborço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.

Cortesia de religioeshome
Conceitos budistas:
  • A vida e o mundo;
  • Renascimento;
  • O ciclo de samsara;
  • Sofrimento: causas e soluções (As Quatro Nobres Verdades);
  • O Nobre Caminho Óctuplo;
  • Caminho do Meio;
  • A forma como as coisas são;
  • Impermanência, sofrimento e a inexistência do «eu»;
  • Originação dependente;
  • Vazio;
  • Especulações contra a existência directa na epistemologia budista.
O budismo dividiu-se em várias escolas, das quais algumas vieram extinguir-se. A principal divisão actualmente existente é entre a escola Theravada e a Mahayana.

Cortesia de filosofiachina
As escolas numericamente mais expressivas na actualidade são:
  • Nitiren, várias escolas budistas e organizações laicas, cuja tradição se iniciou no século XII, no Japão, com o monge Nitiren;
  • Theravada, estabelecida no sudeste asiático;
  • As escolas tântricas do Budismo tibetano (Nyingma, Kagyu, Gelug, Sakya) que fazem parte da Mahayana;
  • Zen japonês e Chan chinês, escolas com ênfase na meditação;
  • As escolas japonesas devocionais da Terra Pura (Jodo Shu) e Verdadeira Terra Pura (Jodo Shinshu), todas Mahayana.
Nirvana
  • 1. É a meta do budismo;
  • 2. É o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego;
  • 3. É não necessitar mais reencarnar;
  • 4. É o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta;
  • 5. É o que faz do homem comum um Buda;
  • 6. É a iluminação;
  • 7. É a extrema paz.
O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século VI A.C. e o século IV A.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e económicas nessa região do mundo.
A cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de 31.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.

Cortesia de fraternidadebrancaluzdanovaera
Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate. Para alguns esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.
Não existe no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.

O cânone budista divide-se em três grupos de textos, denominado «Triplo Cesto de Flores»:
  • Sutra Pitaka, agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;
  • Vinaya Pitaka, reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência;
  • Abhidharma Pitaka, trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.
Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las. Dessa forma, a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.