Os Tesouros do Vaticano. Sacerdotes malcomportados
«(…)
Ao proibir os padres de terem uma vida sexual madura, o que inclui compromisso,
responsabilidade e respeito, e protegendo-os dos custos de suas façanhas
sexuais, a Igreja na prática tem tolerado a liberdade sexual clerical para
todos. O facto de o comportamento heterossexual e homossexual prosperarem no sacerdócio
católico não reflecte algo inerente à homossexualidade ou à heterossexualidade,
mas é antes uma prova da hipocrisia e duplicidade de um sistema elitista,
fechado, masculino, de uma sociedade secreta que tolera, na verdade exige, a
mentira a respeito da vida sexual de qualquer um a qualquer custo. Afirmando
que o documento de 1962 do papa João XXIII continuou a vigorar até Maio de 2001,
os autores do livro Sex, Priests and Secret Codes, Thomas P. Doyle, A.W.R. Sipe
e Patrick J. Wall, apresentaram um relato que chamaram de evidências escritas
dos abusos sexuais de 2 mil anos da Igreja Católica. Escreveram que a carta era
significativa porque reflectia a insistência da Igreja em manter o mais alto
grau de sigilo.
Quarenta e seis anos depois de o
papa João XXIII ter assinado De Modo Provedendi di Causis Crimine
Soliciciones e prometer sigilo da Igreja a respeito do abuso sexual de menores
pelo clero, o papa Bento XVI pediu desculpas às vítimas de abuso por padres e
falou publicamente sobre o assunto durante sua viagem pelos Estados Unidos e
Austrália. Para o público da Jornada Mundial da Juventude em Sydney, Austrália,
ele declarou: Esses malfeitos, que constituem grave quebra de confiança,
merecem condenação inequívoca. Causaram grande sofrimento e prejudicaram o testemunho
da Igreja. Peço a todos vocês que apoiem e ajudem seus bispos, e trabalhem
junto com eles para combater esse mal. As vítimas devem receber cuidados e
compaixão, e os responsáveis por essas maldades devem ser levados à Justiça. É
uma prioridade urgente promover um ambiente mais seguro e sadio, especialmente
para os jovens.
Assassinato nas Ordens Sagradas.
Os arquivos do Vaticano contêm
provas de que o cargo de papa tem sido um dos mais arriscados da história. Ao
longo dos séculos, muitos foram mortos ou assassinados. O primeiro foi o papa
João VIII. Em 882, foi envenenado e depois espancado até à morte por conspiradores
da corte papal. De acordo com o livro de
Matthew Brunson, The Pope Encyclopedia: An A to Z of the Holy See, a maioria
das mortes de pontífices ocorreu na Idade Média, especialmente no período
descrito pelo cardeal Cesare Baronius nos Annales Ecclesiastici como a Idade
de Ferro do papado, de 867 a 964, quando famílias poderosas elegiam,
depunham e assassinavam os papas por ambições políticas ou por vingança. Dos vinte
e seis papas dessa época, dezasseis morreram violentamente. O mais estrondoso
dos assassinatos foi o de João XII (955–964). Com apenas dezoito anos ao ser
eleito pontífice, João era um notório mulherengo, e o palácio papal acabou por
ser descrito como um bordel durante seu reinado. Ele morreu por causa dos
ferimentos sofridos depois de ser descoberto na cama pelo marido de uma de suas
amantes. Existem lendas que dizem que ele morreu por causa de um derrame
sofrido durante o acto de amor.
Teorias e acusações de intrigas
assassinas vieram à tona após a morte do papa Clemente XIV, em 1774. Ele estaria
tão atormentado pela culpa por ter extinguido a ordem dos jesuítas, que passou
o último ano de vida com medo de ser envenenado. Depois da sua morte, surgiram
tantas histórias sobre um possível assassinato que foi realizada uma autópsia,
mas não se descobriu nada que incriminasse os jesuítas. Aqui está uma lista de
pontífices assassinados e a maneira como se acredita que tenham sido mortos, de
acordo com The Pope Encyclopedia:
João VIII (872–882), supostamente
envenenado e espancado até à morte;
Adriano III, são (884–885), teria
sido envenenado;
Estevão VI (896–897), estrangulado;
Leão V (903), supostamente
estrangulado;
João X (914–928), supostamente
sufocado com um travesseiro;
Estevão VII (VIII) (928–931), provavelmente
assassinado;
Estevão VII (IX) (939–942), mutilado,
morreu por causa dos ferimentos;
João XII (955–964), morto na cama
com uma amante pelo marido ultrajado ou devido a um derrame enquanto estava com
a amante ou assassinado pelo marido enfurecido;
Bento VI (973–974), estrangulado
por um sacerdote;
João XIV (983–984), morreu de
fome , maus tratos ou foi envenenado;
Gregório V (996–999), teria sido
envenenado;
Sérgio IV (1009–1012), provavelmente
assassinado;
Clemente II (1046–1047), teria
sido envenenado;
Damásio II (1048), teria sido
assassinado;
Bonifácio VIII (1294–1303), morto
após agressão enquanto prisioneiro na França.
A história mais bizarra é a do
papa Estevão VII. Em 896, ele realizou o julgamento de seu rival, que estava
morto havia nove meses. Segundo o escritor Mark Owen, num artigo sobre notórios
pontífices, o corpo do papa Formoso foi trazido do túmulo e colocado num trono.
Envolto com uma túnica de crina de cavalo, o cadáver recebeu um assessor jurídico,
que permaneceu em silêncio enquanto o papa Estevão gritava e vociferava». In
Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do Vaticano, 2012, Editora Jardim dos Livros,
2013, ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).
Cortesia de EJdosLivros/JDACT
JDACT, Paul Jeffers, Vaticano, Relegião, Literatura,