(1936-1984)
José Carlos Ary dos Santos, Poeta português, natural de Lisboa. Saiu de casa aos 16 anos, exercendo várias actividades como meio de subsistência. Ficou sobretudo conhecido como autor de poemas para canções do Concurso da Canção da RTP. Os seus temas «Desfolhada» e «Tourada» saíram ambos vencedores. Personalidade entusiasta e irreverente, muitos dos seus textos têm um forte tom satírico e até panfletário, anticonvencional, contribuindo decisivamente para a abertura de novas possibilidades para a música popular portuguesa. Deixou cerca de 600 textos destinados a canções.
Soneto de Inês
Dos olhos corre a água do Mondego
os cabelos parecem os choupais
Inês! Inês! Rainha sem sossego
dum rei que por amor não pode mais.
Amor imenso que também é cego
amor que torna os homens imortais.
Inês! Inês! Distância a que não chego
morta tão cedo por viver demais.
Os teus gestos são verdes os teus braços
são gaivotas poisadas no regaço
dum mar azul turquesa intemporal.
As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal.
José Carlos Ary dos Santos
«Da tua campa rasa no cemitério do Alto de São João e da tua Rua da Saudade, morada de comunhões e solidões, contínuas a «pegar o mundo/pelos cornos da desgraça», e um dos teus e dos nossos desígnios é contrariar o apagamento dos factos e das memórias, das razões e das convicções, do direito de resposta à liberalização da infeliCidade e à globalização da rapaCidade. Recordar a tua voz, é um acto de gratidão colectiva e de decência intelectual»
(arestasdevento.blogs.sapo.pt).
JDACT
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