Qualquer estudante que começa a aprender as leis da Mecânica Clássica rapidamente trava conhecimento com a forma que essas leis assumem num referencial em rotação. Estuda a força centrífuga, bem como a mais subtil força de Coriolis. Também ficará fascinado quando aprender que o físico francês Foucault utilizou a força de Coriolis para uma demonstração experimental da rotação da Terra, ao suspender na cúpula dos Invalides, em Paris (1851), um enorme pêndulo de 67 metros e verificar que o plano de oscilação desse pêndulo rodava lentamente sob o efeito da força de Coriolis, por outras palavras, que a Terra roda relativamente ao plano. Com este dispositivo, conhecido por pêndulo de Foucault, encerram-se séculos de discussão: demontra-se, à superfície da Terra, a rotação do nosso planeta - sem o auxílio do Sol, das estrelas ou de satélites.
A força de Coriolis é responsável poe efeitos subtis à superfície da Terra, imprimindo efeitos rotacionais a movimentos rectilínios. A circulação em torno de um centro de baixas pressões faz-se no sentido anti-horário no Hemisféro Norte e no sentido horário no Hemisfério Sul. Na balística é impossível ignorar a força de Coriolis: os mísseis são realmente desviados por ela.
Continuando, no HN a força de Coriolis imprime um desvio para a direita, no HS para a esquerda. Tal como nos movimentos atmosféricos, este efeito fará com que a água que escoa de um lavatório ou de uma banheira gire no sentido anti-horário no HN e no sentido horário no HS. Deste modo, a força de Coriolis está presente até nas nossas casas de banho!
Há apenas um pequeno problema: este efeito da força de Coriolis... não existe! É mais um «mito urbano científico». Há várias experiências que se podem fazer em casa, mas a conclusão é sempre a mesma: a força de Coriolis não tem nada a ver com o sentido de escoamento da água de uma banheira ou lavatório. Coriolis não vai à casa de banho. Trata-se de uma força fictícia, isto é, que um observador estacionário sobre a superfície da Terra tem de introduzir para compensar o facto de esta rodar sobre si própria. Ou seja, em mil segundos (mais de 15 minutos) a força de Coriolis imprime à água que se escoa uma velocidade de rotação, em sentido anti-horário no HN, de um milímetro por segundo.
Há várias histórias. Local: Quénia. Um habitante local, 10 metros a norte do Equador, enche uma bacia com água e mostra ao turista que ao esvaziá-la, a água escoa no sentido horário. De seguida, anda 20 metros para sul, ultrapassando o Equador, e repete a acção no HS. Agora a água escoa no sentido anti-horário!
No entanto, houve manha por parte do habitante local, que trocou tudo.
Por efeito de Coriolis a água deveria escoar no sentido anti-horário no HN e no sentido horário no HS, exactamente o oposto do que aconteceu. O que funcionou mesmo não foi Coriolis mas as hábeis mãos do habitante local.
Jorge Buescu (Da falsificação de euros aos pequenos mundos)/GRADIVA-Publicações/3ª edição/Abril de 2005/Depósito legal nº 225 100/2005/editor Guilherme Valente/Adaptação de JDACT
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