Cortesia de wufp
«Entre os povos que antes de nós, e em épocas diversas, possuíram a parte do solo hispânico onde a pátria portuguesa fixou e avigorou as suas raízes de nação livre, houve dois, o Romano e o Árabe, que, mestres na arte da guerra, deixaram ao mundo moderno preciosas lições de arquitectura militar e, ainda mais, aquilo a que se pode chamar a ciência topográfica das fortificações, ciência que consistia não só na escolha dos lugares que cumpria fortificar, mas também na distribuição desses lugares em todo o território ameaçado. No nosso País, se sondássemos oa alicerces ou os subalicerces de antigos castelos e fortalezas, encontraríamos quae sempre iniludíveis vestígios de obra romana ou de obra mourisca. Um e outro, esses dois povos, ambos conquistadores e invasores tão duramente combatidos, foram também nossos mestres.
Assim, hoje, um só olhar atento e compreensivo basta para denunciar a origem mourisca do castelo de Óbidos e desautorizar a opinião daqueles que levianamente atribuíram a D. Dinis a sua fundação. Sim, em 1148, quando D. Afonso Henriques, depois das vitórias alcançadas em Santarém, Lisboa e outras povoações fortificadas da terra estremenha, se assenhoreou de Óbidos, já ali existia, bem firme em sobranceiro trono de rocha viva, um castelo edificado pelos descendentes daqueles que, quatro séculos antes, em 714, após a desastrosa batalha de Guadalete, gritando vitoriamente os nomes de Alá e do seu Profeta, invadiram e submeteram, de Sul a Norte, quase todo o cobiçado solo da Península. É possível, e até provável, que naquele mesmo lugar tivesse existido anteriormente outra fortaleza construida pelos Romanos; todavia, não há nenhuma notícia segura desse facto. Somente o exame dos mais profundos alicerces da construção poderia desvendar tão antigo segredo.
Cortesia de chilacamomila
Só os alicerces do castelo? Talvez ainda os de toda a povoação; pois é certo que Óbidos, tendo chegado aos nossos dias estreitamente cingida pelas suas muralhas medievais, forma com o castelo um todo indivisível. Um autor seiscentista, Jorge Cardoso, reconhecendo tal facto no seu Agiológico compara aquele arrogante conjunto de fortificações a uma nau, «servindo de popa o castelo, de proa a Torre do Facho e de mastro a do Relógio, que fica no meio da vila».
D. Afonso Henriques, depois da vitória de 1148, não se limitou a reparar os estragos causados no castelo pela terrível luta em que se empenhou para vencer a heróica resistência dos sarracenos; as muralhas exteriores deviam ter sido igualmente recompostas e até reforçadas sem detença, a fim de poderem proteger como cumpria a nova população cristã que ali enraízou logo em seguida. D. Sancho I mandou efectuar obras conforme testemunha a inscrição existente na chamada Torre de Facho.
D. Dinis foi, entre os monarcas que se seguiram, o mais diligente reconstrutor do Castelo e das muralhas e deve-se-lhe segundo se crê, a construção de uma nova torre, que ainda hoje conserva o seu nome.
Após essa época de inquietação geral, que durou 28 anos, sem que o valor defensivo das fortificações nem o brio patriótico da respectiva guarnição fossem jamais sujeitos a qualquer prova, ainda se tentou centralizar ali, em 1673, cinco anos depois de assinada a paz, alguns dos principais fios de uma conspiração urdida contra o regente do reino, D. Pedro II, pelo Conde de Humanes, embaixador de espanha na corte de Lisboa. Descoberto a tempo esse tenebroso enredo, que compreendia o assassinato do Regente, de sua mulher e da pequenina infanta D. Isabel Luísa Josefa (então sua única filha), quando ele e elas estivessem a banhos nas Caldas da Rainha, foi o infiel embaixador reenviado para o seu país e imediatamente justiçados vários Portugueses delinquentes. Alguns, de Óbidos, morreramtambém na forca ali erguida dentro das muralhas, com aplauso dos patriotas que abundavam entre os seu moradores.
Outra, mais importante, por lhe exigir participação directa e também algum sacrifício de vulto, sobreveio ao cabo de 25 anos de relativa tranquilidade, pois houve um dia em que a guerra civil, determinada pela proclamação de D. Miguel como rei absoluto, ali entrou violentamente, e violentamente perturbou, durante algum tempo todo o povoado, com grandes tumultos, algumas atrocidades, atentados de vária espécie, e até estragos materiais de considerável importância. Dominada pelas forças miguelistas, Óbidos só recuperou o perdido sossego depois de 29 de Setembro de 1833, data em que a tomou Sá da Bandeira, em um memorável assalto. Toda a vila aderiu à causa liberal, que antes de 8 meses devia conquistar o triunfo definitivo na Batalha da Asseiceira». In IGESPAR.
Continua.
Cortesia de IGESPAR/JDACT
D. Dinis foi, entre os monarcas que se seguiram, o mais diligente reconstrutor do Castelo e das muralhas e deve-se-lhe segundo se crê, a construção de uma nova torre, que ainda hoje conserva o seu nome.
Cortesia de IGESPAR
Só em 1375, reinava então D. Fernando novas obras foram realizadas em Óbidos e que abrangeram a construção da Torre de Menagem, concluída em 1375 (ano de 1413 da era hispânica), segundo atesta uma inscrição gravada num dos umbrais da respectiva porta. D. Manuel, que em toda a parte deixou vestígios da sua administração eminentemente progressiva e construtiva, também vinculou o seu nome à conservação do Castelo de Óbidos com pormenores arquitectónicos caracterizados pela graça do seu «manuelino». Depois, como a política de D. João III foi sempre inspirada pelo pensamento de consolidar a paz peninsular, inaugurada por seu pai, e nunca teve qualquer repercussão notável, naqueles sítios, a guerra civil motivada pelas pretensões, legítimas direi eu, do Prior do Crato (D. António I), só no século seguinte, em 1642, foram ordenadas novas obras, tanto no Castelo como nas demais fortificações, quando o novo rei, D. João IV, resolveu atender os respectivos moradores, que instantemente lhe pediram «mandasse reformar os muros e as portas da vila, por tudo estar danificado».Após essa época de inquietação geral, que durou 28 anos, sem que o valor defensivo das fortificações nem o brio patriótico da respectiva guarnição fossem jamais sujeitos a qualquer prova, ainda se tentou centralizar ali, em 1673, cinco anos depois de assinada a paz, alguns dos principais fios de uma conspiração urdida contra o regente do reino, D. Pedro II, pelo Conde de Humanes, embaixador de espanha na corte de Lisboa. Descoberto a tempo esse tenebroso enredo, que compreendia o assassinato do Regente, de sua mulher e da pequenina infanta D. Isabel Luísa Josefa (então sua única filha), quando ele e elas estivessem a banhos nas Caldas da Rainha, foi o infiel embaixador reenviado para o seu país e imediatamente justiçados vários Portugueses delinquentes. Alguns, de Óbidos, morreramtambém na forca ali erguida dentro das muralhas, com aplauso dos patriotas que abundavam entre os seu moradores.
Cortesia de IGESPAR
Volvidos 175 anos, no decurso da primeira invasão francesa, um novo alarme sobressaltou os moradores de Óbidos. Os ecos de uma brava peleja travada em lugar vizinho, entre as avançadas tropas anglo-portuguesas, comandadas por Wellesley, e a rectaguarda de um dos exércitos invasores chefiado por Delaborde. Esse combate, ocasionado em 15 de Agosto de 1808 constituiu a primeira fase da gloriosa batalha ganha dois dias depois, pelos dois aliados antinapoleónicos, nos campos da Roliça, a 6 km daqueles sítios.Outra, mais importante, por lhe exigir participação directa e também algum sacrifício de vulto, sobreveio ao cabo de 25 anos de relativa tranquilidade, pois houve um dia em que a guerra civil, determinada pela proclamação de D. Miguel como rei absoluto, ali entrou violentamente, e violentamente perturbou, durante algum tempo todo o povoado, com grandes tumultos, algumas atrocidades, atentados de vária espécie, e até estragos materiais de considerável importância. Dominada pelas forças miguelistas, Óbidos só recuperou o perdido sossego depois de 29 de Setembro de 1833, data em que a tomou Sá da Bandeira, em um memorável assalto. Toda a vila aderiu à causa liberal, que antes de 8 meses devia conquistar o triunfo definitivo na Batalha da Asseiceira». In IGESPAR.
Continua.
Cortesia de IGESPAR/JDACT