Com a devida vénia ao Doutor José Carlos Gimenez
Alianças Políticas na Península Ibérica nos Séculos XIII – XIV
«(…)
O direito canónico vigente em Portugal durante o período em que este trabalho
se insere, reservava como elemento essencial para a concretização de uma aliança
matrimonial, a decisão final aos próprios cônjuges de se aceitarem por marido e
mulher e partilharem uma vida comum. Tal disposição poderia ser expressa por
palavras de presente, arranjo que efectivava o compromisso prontamente ou por palavras
de futuro, que constituía exclusivamente uma promessa de casamento (noivado) e
implicava um compromisso com direitos e deveres entre os envolvidos, no entanto
ele só seria efectivado quando o casal concretizasse os acordos por meio das
palavras de presente. Porém, em ambos os casos, segundo esse mesmo direito, o
matrimónio tornar-se-ia indissolúvel quando consumado por união carnal entre os
esposos.
A segunda situação, palavras de
futuro, foi muito comum entre os reinos peninsulares. Por meio dessa prática,
reis e rainhas serviram-se muitas vezes de seus filhos, ainda impúberes, para
realizar alianças matrimoniais como uma prerrogativa de materialização de
acordos políticos. Neste sentido, as alianças matrimoniais realizadas entre as
monarquias da Península Ibérica durante a Idade Média eram acontecimentos que
ultrapassavam as solenidades jurídicas e religiosas e compunham, além de uma liturgia,
uma questão política. Na
configuração de uma nova família, essa ocorrência ganhava mais importância
ainda quando duas casas reinantes procuravam concretizar novos acordos de
cooperação económica e militar, demarcar novos espaços territoriais, modificar
suas alianças políticas, reatar a paz ou iniciar longas crises com a Igreja de
Roma, entre outras possibilidades.
No centro das negociações dessas
alianças, não eram consideradas a vontade e a liberdade de decisão dos futuros
esposos, mas sim as disposições traçadas pelas duas casas régias com o apoio
das mais ilustres famílias nobiliárias que também viam nelas um acontecimento
ideal para alcançar vantagens económicas e políticas. Nesse sentido, esses
acordos possibilitavam igualmente a formação de uma rede de relações amistosas
entre os reinos, que afectavam todo o corpo social ao possibilitar a criação de
núcleos familiares que traduziam a constituição de uma organização de
parentesco que alterava o panorama social e político de toda a comunidade.
De
Infanta Aragonesa a Rainha a Rainha de Portugal
Não existe unanimidade entre os
pesquisadores em apontar com exactidão o dia, o mês ou mesmo o ano do
nascimento da infanta Isabel de Aragão. António Silva Pinto afirma que ela
nasceu a 11 de Fevereiro de 1270, data também admitida por Cruz Coelho. Vitorino
Nemésio assegura que ela deve ter nascido entre o Inverno de 1269 e 1270. António
Nogueira Gonçalves, por sua vez, declara que dona Isabel, da casa de real de
Aragão, nasceu no ano de 1270, provavelmente a 11 de Novembro». In
José Carlos Gimenez, A Rainha Isabel
nas Estratégias Políticas da Península Ibérica 1280-1336, Teses de
Doutoramento, UF do Paraná, Ciências Humanas, 2005.
Cortesia de UFParaná/CHumanas/JDACT
JDACT, José Carlos Gimenez, Caso de Estudo, Península Ibérica, Rainha Isabel,