quinta-feira, 9 de março de 2023

Manifesto Universal. Ricardo Salgueiro Roque. «Optar por um mal e pelo mal é uma escolha que, quando consciente, se faz com mediocridade, seja por que motivo for. A acção boa ou má é sempre produto de uma decisão que se tomou»

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O Bem Universal

«O Bem Universal é o bem que é comum a todos, para todos. O bem que é considerado absolutamente bom por toda a Humanidade, é também o bem que nos é natural à nascença, empírico, aquele do qual nascemos impregnados na pureza do estado imaculado, o Bem Universal não só é o bem que devemos à Humanidade como é o bem que nos é devido por ela, o Bem Universal é o bem irrefutável em estado absoluto e completo. Quando nascemos, nascemos bons e assim permanecemos, puros enquanto não somos mal influenciados ou contaminados por um mundo exterior potencialmente corrupto. O que acabou de nascer não conhece nem o mal nem a maldade, mas parece desde logo conhecer o bem e o amor pelos seus.

O bem, a força do seu impulso, surge no Humano como algo de natural, espontâneo, muito mais forte do que o impulso negativo do mal. Salvo raras excepções, especialmente aquelas em que as pessoas sofrem de patologias do foro psicológico. Todos os Humanos iniciam as suas vidas iguais entre si, como folhas em branco onde ainda nada foi escrito. A vida é estar vivo e sempre uma excelente oportunidade para se ser bom. O Bem Universal faz parte do senso comum, está embutido nele, se atentos notaremos que a grande maioria das crianças, sobretudo os mais novos, os menos tocados pelo mundo, não raras vezes são também os mais puros, naturalmente bons e inocentes, não conhecem ainda a maldade e existe neles uma inclinação natural para o bem. O Bem Universal é empírico e até naqueles que praticam o mal o Bem Universal está presente, gravado no fundo de todas as consciências, escrito no nosso ADN. Demasiadas vezes escolhemos fazer vista grossa e olhar para o lado, ignorando-o como se não estivesse lá, rejeitando-o conscientemente e por livre-arbítrio. A capacidade de distinguir o bem do mal é natural na maioria das pessoas, o problema é que muitos, apesar de saberem o que é o mal, escolhem praticá-lo, gravando, guardando, acumulando dentro de si e repercutindo nos outros cada má acção.

Optar por um mal e pelo mal é uma escolha que, quando consciente, se faz com mediocridade, seja por que motivo for. A acção boa ou má é sempre produto de uma decisão que se tomou. A responsabilidade da acção individual é sempre de cada um, nunca de Deus ou de outros, com excepção daqueles que são obrigados às más acções por coacção, obrigação, chantagem ou falta de outra alternativa. Será sempre possível a todos, por decisão própria, recusarem-se a fazer ou a praticar o mal mesmo na pior das circunstâncias e sob o risco das penas mais duras e injustas. O Humano é capaz do melhor e do pior sendo que o pior é de cariz absolutamente demoníaco e perverso. Parece existir uma ideia de justiça divina, superior, metafísica e transcendente, presente em quase todas as crenças, que quase sempre diz que aqueles que exercem o mal e a violência sobre outros conhecerão a justiça de Deus, dos Deuses ou do Divino, nesta vida ou na próxima, outros há que a essa justiça dão o nome de Karma e há ainda os que falam em ironia do destino. Uma coisa sabemos com toda a certeza, é que nas entre linhas, tanto a história das nossas vidas como da Humanidade está cheia de pequenas e grandes ironias». In Ricardo Salgueiro Roque, Manifesto Universal, Sítio dos Livros, 2021, ISBN 978-989-902-820-3.

Cortesia de SdosLivros/JDACT

 JDACT, Ricardo Salgueiro Roque, Filosofia, Literatura, Conhecimento,