terça-feira, 15 de novembro de 2022

O Símbolo Perdido. Dan Brown. «A central de segurança acabou de transferir. Anderson olhou para o homem como se ele tivesse enlouquecido. Estou ocupado, rosnou. O rosto do segurança estava pálido»

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 «(…) Naquela noite, Katherine começou a ler com grande interesse os textos antigos do irmão e logo entendeu que ele tinha razão. Os antigos possuíam um profundo conhecimento científico. A ciência actual não estava propriamente fazendo descobertas, mas sim redescobertas. Era como se a humanidade um dia tivesse compreendido a verdadeira natureza do Universo, mas a houvesse deixado escapar..., e cair no esquecimento. A física moderna pode-nos ajudar a lembrar! Essa busca havia-se tornado a missão de Katherine na vida, usar a ciência avançada para redescobrir a sabedoria perdida dos antigos. O que a mantinha motivada era mais do que o entusiasmo académico. Por baixo de tudo isso havia a sua convicção de que o mundo precisava daquela compreensão..., agora mais do que nunca.

No fundo do laboratório, Katherine viu o jaleco branco do irmão pendurado num gancho ao lado do seu. Por reflexo, sacou o celular para ver se havia algum recado. Nada. Uma voz tornou a ecoar na sua lembrança. Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital..., pode ser encontrado. Às vezes uma lenda que dura muitos séculos..., tem um motivo para durar. Não, disse Katherine em voz alta. Não é possível que seja real. Às vezes uma lenda não passava disso, uma lenda.

O chefe da polícia Trent Anderson voltou à Rotunda do Capitólio pisando firme, furioso com o fracasso da sua equipe. Um de seus homens havia acabado de encontrar, num vão próximo ao pórtico leste, uma tipoia e um casaco militar.

Aquele desgraçado saiu daqui na maior!

Anderson já havia destacado equipes para examinar os vídeos externos, mas, quando encontrassem alguma coisa, aquele suspeito já teria sumido há muito tempo. Então, ao entrar na Rotunda para avaliar o estrago, Anderson viu que a situação havia sido controlada da melhor forma possível. Todos os quatro acessos da Rotunda estavam bloqueados usando o mais discreto método de controle de multidões à disposição do serviço de segurança: um cordão de veludo, um agente para pedir desculpas e uma placa dizendo Sala Temporariamente Fechada Para Limpeza. Cerca de 10 testemunhas estavam sendo agrupadas na ala leste do recinto, onde os guardas recolhiam celulares e máquinas fotográficas. A última coisa de que Anderson precisava era que uma daquelas pessoas mandasse uma foto de celular para a CNN.

Uma das testemunhas detidas, um homem alto de cabelos escuros usando um casaco de tweed, tentava afastar-se do grupo para falar com o chefe. O homem estava agora envolvido numa acalorada discussão com os seguranças. Já vou até aí falar com ele, disse Anderson aos seguranças. Por enquanto, por favor, mantenham todos no saguão principal até resolvermos esta situação. Anderson voltou seu olhar para a mão em riste no meio do recinto. Pelo amor de Deus. Nos seus 15 anos de trabalho na segurança do Capitólio, já vira algumas coisas estranhas. Mas nunca nada como aquilo.

É melhor o pessoal da perícia chegar logo e tirar esta coisa do meu prédio.

Anderson chegou mais perto e viu que o pulso ensanguentado tinha sido preso numa base de madeira para fazer a mão ficar em pé. Madeira e carne, pensou. Invisível para os detectores de metal. A única peça metálica era um anel de ouro que Anderson supôs ter passado pelo detector manual ou ter sido casualmente retirado do dedo morto pelo suspeito, como se fosse seu. Anderson se agachou para examinar a mão. Ela parecia ter pertencido a um homem de uns 60 anos. O anel tinha uma espécie de brasão ornamentado com uma ave de duas cabeças e o número 33. Anderson não o reconheceu. O que realmente chamou sua atenção foram as pequeninas tatuagens nas pontas do polegar e do indicador.

Que coisa de maluco.

Chefe?, Um dos agentes se aproximou depressa, estendendo um telefone. Ligação pessoal para o senhor. A central de segurança acabou de transferir. Anderson olhou para o homem como se ele tivesse enlouquecido. Estou ocupado, rosnou. O rosto do segurança estava pálido. Ele tapou o fone e sussurrou. É a CIA. Anderson não acreditou no que estava escutando. A CIA já está sabendo disso? É o Escritório de Segurança deles. Anderson retesou os músculos. Pu… me… Olhou de relance, pouco à vontade, para o telefone na mão do subordinado. No vasto oceano das agências de inteligência de Washington, o Escritório de Segurança da CIA era uma espécie de Triângulo das Bermudas, uma região misteriosa e traiçoeira da qual todos mantinham distância sempre que possível». In Dan Brown, O Símbolo Perdido, 2009, Bertrand Editora, 2009, ISBN 978-972-252-014-0.

 Cortesia de BertrandE/JDACT

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