Outra visão da Inquisição
«Exemplo de ódio radical contra a
Igreja e da manipulação a que me referi é um quadro no Museu Nacional de
Budapeste, apresentando uma sala de torturas, intitulado no catálogo Inquisição.
Só depois de muitos protestos de historiadores, mostrando que o quadro
apresentava cena de tortura em um tribunal civil, é que o título foi mudado
para Sala de torturas. Lembremo-nos de que foram as descrições
caricaturais de Diderot, Voltaire e até de Dostoiévski que formaram na mente do
homem de hoje a visão da Inquisição (maldita) como um espectro. Os
historiadores poloneses também não ficaram atrás dos historiadores progressistas.
Deparando diariamente com essa visão distorcida da Inquisição (maldita), o homem comum
é inclinado a aceitá-la como verdadeira.
Talvez a opinião do pesquisador
seja a verdade. Afinal, há um grande número de pesquisadores que insistem em
afirmar que os inquisidores eram homens esclarecidos e que tratavam os hereges
como portadores de doenças mentais. O suspeito de heresia, segundo os registos
históricos, era tratado assim: o suspeito não recebia os sacramentos
necessários e estabelecidos pelo catolicismo. Caso ele não se arrependesse de
sua conduta, seria chamada a autoridade não religiosa, principalmente em casos
de agressão verbal ou física.
Se nem mesmo assim a pessoa se
mostrasse arrependida, era considerada como anátema, ou seja,
reconhecida como passível de excomunhão. Alguns autores vão mais longe e
afirmam que o uso da tortura em processos inquisidores era um facto bastante
restrito, embora não se saiba mais detalhes do quanto poderia ser restrito.
Ainda de acordo com essas pesquisas, a tortura era autorizada em casos em que
não houvesse provas confiáveis, testemunhas fidedignas ou quando o acusado já
tivesse antecedentes como má fama, maus costumes ou tentativas de fuga. Assim,
o Concilio de Viena indicou que os inquisidores recorressem à tortura apenas em
caso de aprovação pelo bispo diocesano e por uma comissão julgadora que deveria
analisar cada caso.
Há também quem afirme que a
tortura da Inquisição (maldita) era mais branda
que a aplicada pelos poderes civis e que violência como amputação de membros
não era permitida sob nenhuma circunstância. Vale lembrar que a aplicação da tortura
não era, de modo algum, uniforme em todos os tribunais inquisitórios e variava
entre as cidades, e mesmo entre os países onde actuavam.
Alguns
acessórios mais comumente usados pelos inquisidores para obter a confissão dos
acusados
Cadeira
inquisitória:
Com até 1.600 pontas afiadas de ferro ou madeira, sobre as quais as vítimas,
completamente nuas, se sentavam para serem interrogadas. Por vezes, a fim de
aumentar o sofrimento, o assento de ferro era aquecido. Esmagador de joelhos,
polegares e mãos: Cada um desses três instrumentos tinha funções específicas,
conforme os nomes indicam. Eram, no geral, prensas que esmagavam as ditas
partes do corpo.
Esmaga seios: O instrumento
preferido no século XV para torturar as mulheres acusadas de bruxaria. O seio
era envolto por um ferro rectangular aquecido ao máximo. Eram esmagados com movimentos
bruscos e circulares.
Despertador: Uma espécie de
cavalete de madeira ou de ferro, com um vértice pontiagudo. Os acusados eram
puxados por cordas ligadas a roldanas e suspensos até certa altura. Depois eram
rapidamente lançados sobre o despertador de forma que o ânus e as partes
sexuais tocassem a ponta da pirâmide. Dependendo da maneira como o instrumento
estivesse afiado, as partes íntimas arrebentavam, entre elas, os testículos, a
vagina e o cóccix.
Roda de
despedaçamento:
O acusado era colocado de costas sobre uma roda de ferro, sob a qual havia
brasas. Então a roda era girada lentamente, o que causava uma morte lenta
depois de longas horas de dor e gerava queimaduras de alto grau. Há uma segunda
versão onde a roda é usada para dilacerar o corpo dos condenados. Em vez de
brasas, eram usados instrumentos pontiagudos.
Mesa de
evisceração:
Considerado um dos mais cruéis instrumentos. Era usado para extrair de maneira
lenta e mecânica as vísceras dos condenados. Depois de abrir a região
abdominal, as vísceras eram puxadas uma a uma por ganchos pequenos que eram
presos a uma roldana que, por sua vez, era girada pelo carrasco». In
Sérgio Pereira Couto, Os Arquivos Secretos do Vaticano, Editora Gutenberg,
2013, ISBN 978-856-538-385-1.
Cortesia de EGutenberg/JDACT
JDACT, Sérgio Pereira Couto, Vaticano, Religião, Conhecimento,