quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Comer, Orar, Amar. Elizabeth Gilbert. «Em Roma, estudou a arte do prazer, aprendeu a falar italiano e engordou os 23 quilos mais felizes da sua existência. Reservou a Índia para praticar a arte da devoção»

Cortesia de wikipedia e jdact

«Quando fez 30 anos, Elizabeth Gilbert tinha tudo o que uma mulher americana formada e ambiciosa podia querer: um marido, uma casa, uma carreira de sucesso. Mas em vez de estar feliz e preenchida, sentia-se confusa e assustada. Depois de um divórcio infernal e de uma história de amor fulminante acabada em desgraça, Gilbert tomou uma decisão determinante: abdicar de tudo, despedir-se do emprego e passar um ano a viajar sozinha. Comer na Itália, Orar na Índia e Amar na Indonésia é uma micro-autobiografia desse ano. O projecto de Elizabeth Gilbert era visitar três lugares onde pudesse desenvolver um aspecto particular da sua natureza no contexto de uma cultura que tradicionalmente se destacasse por fazê-lo bem. Em Roma, estudou a arte do prazer, aprendeu a falar italiano e engordou os 23 quilos mais felizes da sua existência. Reservou a Índia para praticar a arte da devoção. Com a ajuda de um guru nativo e de um cowboy do Texas surpreendentemente sábio, Elizabeth empenhou-se em quatro meses de exploração espiritual ininterrupta. Em Bali, aprendeu a equilibrar o prazer sensual e a transcendência divina. Tornou-se aluna de um feiticeiro nonagenário e apaixonou-se da melhor maneira possível, inesperadamente». In Sinopse

 

«Eu queria que o Giovanni me beijasse. Ah, mas são tantos os motivos que fariam disso uma péssima ideia... Para começar, Giovanni é dez anos mais novo do que eu, e, como a maior parte dos rapazes italianos de vinte e poucos anos, ainda mora com a mãe. Só esses dois factos já fazem dele um parceiro romântico improvável para mim, já que sou uma americana de trinta e poucos anos que trabalha, acaba de passar por um casamento falido e por um divórcio arrasador e interminável, imediatamente seguido por um caso de amor apaixonado que terminou com uma dolorosa ruptura. Todas essas perdas, uma atrás da outra, deixaram em mim uma sensação de tristeza e fragilidade, e a impressão de ter mais ou menos 7 mil anos de idade. Por uma simples questão de princípios, eu não imporia essa minha pessoa desanimada, derrotada e velha ao adorável, inocente Giovanni. Sem falar que eu finalmente havia chegado à idade em que uma mulher começa a questionar se a maneira mais sensata de superar a perda de um lindo rapaz de olhos castanhos é mesmo levar outro para sua cama imediatamente. É por isso que já faz muitos meses que estou sozinha. É por isso, na verdade, que decidi passar este ano inteiro sozinha. Diante do que o observador mais arguto poderá perguntar: então porque veio para Itália?

E tudo que posso responder, sobretudo quando olho para o belo Giovanni do outro lado da mesa, é: boa pergunta. Giovanni é meu parceiro de intercâmbio de línguas. Isto pode parecer uma insinuação, mas infelizmente não é. Tudo o que realmente significa é que nós nos encontramos algumas noites por semana aqui em Roma para praticar o idioma um do outro. Primeiro conversamos em italiano, e ele é paciente comigo; em seguida, conversamos em inglês, e eu sou paciente com ele. Descobri que Giovanni algumas semanas depois de ter chegado a Roma, graças ao grande cybercafé da Piazza Barbarini, do outro lado da rua, em frente àquele chafariz com a escultura de um homem com rabo de peixe soprando sua concha. Ele (Giovanni, não o homem com o rabo de peixe) fixara um anúncio no quadro de avisos explicando que um italiano nativo estava procurando alguém que falasse inglês para treinar conversação nas duas línguas. Logo ao lado do seu anúncio havia outro com o mesmo pedido, absolutamente idêntico em cada palavra, e até na fonte usada. A única diferença era a informação para contato. Um dos anúncios trazia o endereço eletrónico de um tal Giovanni; o outro tinha o nome de um tal Dario. Mas até o número do telefone residencial era o mesmo». In Elizabeth Gilbert, Comer, Orar, Amar, 2006, Bertrand Editora, 2006, ISBN 978-972-251-503-0
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Cortesia de BertrandE/JDACT

JDACT, Elizabeth Gilbert, Literatura, Itália, Indonésia, Índia,