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(1906-1994)
George Agostinho Baptista da Silva foi um filósofo, poeta e ensaísta português. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático e empenhado através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. O seu percurso académico foi notável, defendendo a sua dissertação de doutouramento «O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas» com a idade de 23 anos.
Cria o Núcleo Pedagógico Antero de Quental, escreve para a Seara Nova e em 1940 publica Iniciação: cadernos de informação cultural.
Após longos anos no Brasil, onde trabalhou com Jaime Cortesão, regressa a Portugal em 1969. A partir daí continuou a escrever e a leccionar em diversas universidades portuguesas, dirigindo o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e no papel de consultor do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, (actual Instituto Camões).
Em 1990, a RTP1 emitiu uma série de treze entrevistas com o professor Agostinho da Silva, denominadas Conversas Vadias. Uma outra entrevista, conduzida por António Escudeiro, «Agostinho por si próprio», fala sobre a sua devoção ao Espírito Santo e foi publicada pela editora Zéfiro em 2006.
Morre em Lisboa aos 88 anos.
Agostinho da Silva, por Paulo Borges
Agostinho da Silva é referenciado como um dos principais intelectuais portugueses do século XX. Da sua extensa bibliografia, destacam-se as publicações: «Sete cartas a um jovem filósofo, 1945», «Sentido histórico das civilizações clássicas, 1929», «A religião grega, 1930», «Glosas, 1934», «Diário de Alcestes, 1945», «Moisés e outras páginas bíblicas, 1945», «Reflexão, 1957», «Um Fernando Pessoa, 1959», «As aproximações, 1960», «Educação de Portugal, 1989», «Do Agostinho em torno do Pessoa; Dispersos, 1988».
Agostinho da Silva é dos mais paradoxais pensadores portugueses do século XX. O tema mais candente da sua obra foi a cultura de língua portuguesa, num fraternal abraço ao Brasil e aos países lusófonos. Todavia, a questão das filosofias nacionais não é para si decisiva, parecendo-lhe antes uma questão académica: «Não sei se há filosofias nacionais, e não sei se os filósofos, exactamente porque reflectem sobre o geral, se não internacionalizam desde logo».
O problema de que parte é a procura de uma razão de ser para Portugal. São suas as palavras: O que eu quero é que a filosofia que haja por estes lados arranque do povo português, faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor.
Um homem que tinha o ideal dos 3 S: o Sustento, o Saber e a Saúde.
Uma filosofia que, como gostava de dizer, não parte imediatamente de uma reflexão sobre as ciências exactas, como em Descartes ou Leibniz, mas da fé, como em Espinosa. Partir de crenças como ponto vital e tomar como símbolo preferido que a palavra «crer» parece ter a mesma origem que a palavra «coração», fazendo depois como o Infante, abrindo-se à ciência dos seus pilotos, astrónomos e matemáticos. Tudo dito e defendido com a tranquilidade de quem sabe que até hoje ninguém desvendou os mistérios do mundo e conhece por isso os limites das soluções positivas. Assim, seria possível valorizar aquilo que a seu ver nos distinguiria como povo e como cultura: um povo e uma cultura capazes de albergar em si «tranquilamente, variadas contradições impenetráveis, até hoje, ao racionalizar de qualquer pensamento filosófico».
Trazer por isso o mundo à Europa, como outrora levámos a Europa ao mundo, tal a missão da cultura de língua portuguesa, construindo o seu domínio com uma base espiritual e sem base em terra, porque a propriedade escraviza e só não ter nos torna livres.
Bibliografia: António Quadros, Introdução à Filosofia da História, Lisboa, 1982.
Wikipédia/Pedro Calafate/JDACT
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