Busto de Francisco Salgado Zenha
autoria de Carla Gonçalves
(1923-1993)
Francisco Salgado Zenha foi um digno bracarense, destacado advogado e político português.
O ano de 1944 é o «marco» da sua luta contra o Estado Novo. Foi o primeiro estudante eleito para a presidência da Associação Académica durante o regime.
Passados dois anos, faz parte do Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD-Juvenil). Por «actividades subversivas» é preso pela primeira vez em 1947, uma das muitas vezes que será impedido de gozar a plena liberdade. Segundo os historiadores, é por volta destas datas que toma conhecimento com o político Mário Soares (então a dirigir o movimento de estudantes em Lisboa). Ambos participam na candidatura de Norton de Matos à Presidência da República em 1949. Participa no movimento Resistência Republicana e Socialista e na candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República em 1959. Salgado Zenha fez parte do grupo restrito de advogados que não tinha medo de defender em tribunal os acusados de actividades contra o regime e colonialismo. Com outros oposicionistas funda a Associação Socialista Portuguesa em 1965, que irá resultar no Partido Socialista.
Um outro seu amigo, Adelino da Palma Carlos, convida-o a ocupar um cargo no I Governo Provisório em 1974. Deste modo, é uma das notáveis figuras em todo o processo de democratização, sendo Ministro da Justiça nos I, II, III e IV Governos Provisórios, e Ministro das Finanças no VI Governo Provisório. Desempenhou um papel relevante na revisão da Concordata com a Santa Sé, que veio permitir o divórcio em Portugal.
Cortesia de alvoradaruc
Ao ser eleito deputado (1976) Salgado Zenha exerce o cargo de líder da bancada parlamentar do Partido Socialista.
Anos mais tarde, dá-se a inimizade com o seu companheiro de tantas lutas e geram-se polémicas de «tons acinzentados».
Em 1986 é candidato à Presidência da República. Não passa à segunda volta e, como consequência, toma outro rumo na intervenção política ao publicar o livro «As Reformas Necessárias», uma análise da politica e do estado português, no qual são visíveis as ideias mestras que compunham a sua campanha presidencial.
Recebeu a condecoração da Ordem da Liberdade.Em 1986 é candidato à Presidência da República. Não passa à segunda volta e, como consequência, toma outro rumo na intervenção política ao publicar o livro «As Reformas Necessárias», uma análise da politica e do estado português, no qual são visíveis as ideias mestras que compunham a sua campanha presidencial.
Foi criada a Fundação Salgado Zenha, pela viúva, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra para atribuição de um prémio e bolsas de estudo.
Francisco Salgado Zenha morre aos 70 anos de idade.
Francisco Salgado Zenha morre aos 70 anos de idade.
Francisco Salgado Zenha - Fotobiografia
Cortesia Livraria Almedina, editora Lex
Algumas demonstrações de amizade:
«Francisco Salgado Zenha foi uma figura ímpar da nossa vida pública, que deixou uma indelével marra em todos os domínios em que exerceu a sua acção. Opositor à ditadura desde os bancos da escola, político de convicções e de princípios, governante clarividente e parlamentar dos mais brilhantes da nossa democracia, Zenha foi também um dos grandes advogados do Século XX. No foro, reunia talentos que nem sempre andam juntos. Aliava uma sólida formação em ciências jurídicas a um conhecimento prático do ofício, juntava a uma capacidade argumentativa e dialéctica superior um talento literário apurado. Possuidor de grandes qualidades morais e intelectuais, usou-as com raro rigor. A sua inteligência, ao mesmo tempo dedutiva, lógica c irónica, a sua independência de espírito, a sua coragem e frontalidade, a sua sensibilidade e cultura faziam dele uma personalidade riquíssima, que se tornava uma referência para quem a conhecia e dava ao seu trato um brilho inesquecível.
Tive o privilégio de ser colega e amigo do Francisco Salgado Zenha. Aprendi muito com ele, na política e no direito. Guardo uma memória muito grata do tempo em que colaborámos e estivemos próximos. Associando-me a esta tão feliz iniciativa da Ordem dos Advogados, presto homenagem, em nome de Portugal, à memória de Salgado Zenha e apresento-o como exemplo às novas gerações, que muito ganharão em conhecer melhor a sua figura, a sua vida e a sua obra». In Jorge Sampaio, Presidente da República.
«Neste ano de 2003, completam-se oitenta anos sobre a data do nascimento (2 de Maio de 1923) e dez da morte (l de Novembro de 1993) do Dr. Francisco Salgado Zenha, um dos quatro Advogados distinguidos com a medalha de ouro da nossa Ordem. Desde o primeiro momento constatei um grande entusiasmo e um profundo sentido de justiça face a tal iniciativa em razão das qualidades humanas e profissionais ímpares do Dr. Francisco Salgado Zenha, que aliou uma sólida formação científica a um sentido prático invulgar. Cultivando incessantemente valores como a Liberdade, a tolerância e a defesa dos Direitos Humanos. É, pois, com enorme satisfação que promovo esta fotobiografia, uma das vertentes da homenagem ao Dr. Francisco Salgado Zenha, que simboliza os mais elevados e perenes valores da nossa advocacia». In Ordem dos Advogados.
JDACT
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