segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pero Andrade Caminha: Um poeta do Minho

Susete Evaristo
Pêro de Andrade Caminha (1520-1589) nasceu no Porto e faleceu em Vila Viçosa. Foi fidalgo da Casa de D. João III. Terá acompanhado D. Sebastião na expedição a África e em 1578 desempenhou funções de diplomacia. Foi provedor da Misericórdia de Vila Viçosa nos últimos anos de vida. Como poeta, foi amigo de Sá de Miranda e António Ferreira, partilhando com eles a estética clássica. A sua obra poética manteve-se inédita até 1791, data em que a Academia das Ciências de Lisboa publicou parte dela. A sua figura foi durante muito tempo «denegrida» por ter deposto contra Damião de Góis no processo inquisitorial que este sofreu e por uma «alegada» inimizade com Luís de Camões.
Pelo seu acentuado saudosismo e sentimento pela Natureza, foi apelidado de Poeta do Minho.
Soneto I

De Amor escrevo, de Amor falo e canto;
E se minha voz fosse igual ao que amo,
Esperara eu sentir na que em vão chamo
Piedade, e na gente dor e espanto.

Mas não há pena, ou língua, ou voz, ou canto
Que mostre o amor por que eu tudo desamo,
Nem o vivo fogo em que me sempre inflamo,
Nem de meus olhos o contino pranto.

Assi me vou morrendo, sem ser crida
A causa por que em vão mouro contente,
Nem sei se isto que passo é vida ou morte.

Mas inda da que eu amo fosse ouvida
E crida minha voz, e da vã gente
Nunca entendida fosse minha sorte!
Pero de Andrade Caminha
(As origens da crítica_António Miranda
Wikipédia/queluz-monteabraao/JDACT

Sem comentários:

Enviar um comentário