(1923-2011)
Moscovo
Cortesia de rakeshbera e aterceiranoite
Moscovo
Cortesia de rakeshbera e aterceiranoite
«Elena (Yelena) Georgievna Bonner foi médica, activista dos direitos humanos e proeminente dissidente da época da União Soviética. Foi casada com o físico Andrei Sakharov.
Quando Andrei Sakharov foi distinguido com o Nobel da Paz, em 1975, foi Elena Bonner quem o representou na cerimónia a que o regime soviético não o deixou comparecer. Mas para além de ser a mulher do dissidente russo, que acabou por dar nome a um prémio do Parlamento Europeu que todos os anos é entregue a um activista pela liberdade de expressão, ela era também uma lutadora pela defesa dos direitos humanos, fundadora da organização Grupo Helsinki, em Moscovo.
Quando Andrei Sakharov foi distinguido com o Nobel da Paz, em 1975, foi Elena Bonner quem o representou na cerimónia a que o regime soviético não o deixou comparecer. Mas para além de ser a mulher do dissidente russo, que acabou por dar nome a um prémio do Parlamento Europeu que todos os anos é entregue a um activista pela liberdade de expressão, ela era também uma lutadora pela defesa dos direitos humanos, fundadora da organização Grupo Helsinki, em Moscovo.
«Anunciamos com grande tristeza que morreu a nossa mãe Elena Georguievna Bonner», confirmou em comunicado a filha da activista, Tatiana Iakelevitch. Bonner viveu nos últimos anos em Boston, onde será realizada uma cerimónia de homenagem antes de o corpo ser transferido para o cemitério Vostriakovo de Moscovo, onde também está sepultado Sakharov.
Nascida na república soviética do Turquemenistão, em 1923, Bonner, enfermeira que chegou a ser condecorada pelos seus serviços de apoio ao Exército Vermelho durante a II Guerra Mundial, era uma crítica do regime desde finais dos anos 60. Nessa altura deixou as fileiras do Partido Comunista, depois de ver, durante a Primavera de Praga, a repressão das forças soviéticas na principal cidade da então Checoslováquia.
Cortesia de politicalstew
Conheceu Andrei Sakharov em 1970 e os dois casaram em 1972. Ele foi físico nuclear, chegou a participar na criação da bomba de hidrogénio soviética mas depressa se juntou à contestação ao regime, por isso foi perseguido, submetido a um exílio interno na cidade de Gorki, a cerca de 400 quilómetros de Moscovo. Ela tornar-se-ia a sua voz no exterior, mas acabou por também ser expulsa para Gorki em 1984 por «agitação anti-soviética».
Um ano depois acabou por ser autorizada a deixar o país, partiu para Itália e mais tarde para Boston, onde vivia a sua mãe e a sua filha. Aí foi submetida à primeira intervenção cirúrgica ao coração. Até que, em 1986, foi autorizada a regressar a Moscovo, já Mikhail Gorbatchov procurava levar a cabo diversas reformas no regime. Sakharov também voltou, viria a morrer dois anos depois. E Bonner continuou envolvida na defesa dos direitos humanos e a ser uma das vozes mais críticas do regime.
Críticas à guerra na Tchetchénia e a Putin
Condenou com firmeza a intervenção militar russa na Tchetchénia, em 1994, guerra que qualificou como «genocídio do povo tchetcheno». E como protesto renunciou ao cargo que ocupava na comissão de direitos humanos russa, era já Boris Ieltsin quem estava na presidência do país.
Ieltsin, aliás, voltaria a ser alvo das suas críticas por ter promovido a ascensão de Vladimir Putin a seu sucessor. Putin foi Presidente, é agora primeiro-ministro, e ainda no ano passado Bonner assinou uma petição na Internet contra ele, a condenar as violações de direitos humanos na Rússia.
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«A sua morte é uma grande perda, e não só para o movimento de defesa dos direitos humanos», disse à agência Interfax a sua amiga e presidente do Grupo Helsinki, Lioudmila Alexeeva. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, prestou homenagem «à coragem de Bonner na sua luta pelas liberdades fundamentais e a dignidade humana». In Público.
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