Cortesia de bnp
Amato Lusitano (1511-1568).
Mostra. De dia 18 de Julho a 17 de Setembro de 2011.
BNP
Entrada livre
«Amato Lusitano foi o nome pelo qual a Europa renascentista conheceu o ilustre médico português de ascendência judaica, João Rodrigues, cujos principais passos biográficos se conhecem através das suas próprias obras. Formado na Universidade de Salamanca, para onde se deslocara, muito jovem ainda, com vista a fazer aí os estudos preparatórios, recebeu licença para exercer medicina aos 18 anos.
Regressado a Portugal entre 1529 e 1534, exerceu medicina em Lisboa, porém a crescente perseguição aos judeus obrigou-o a partir para Antuérpia e aí publicou a sua primeira obra, Index Dioscoridis, em 1536, permanecendo no ambiente clínico e científico flamengo até partir para Itália. Em 1541 fixa-se primeiro em Ferrara, onde leccionou na Universidade e fez a descoberta da circulação do sangue e descreveu pela primeira vez as válvulas venosas; em 1547 vai para Ancona, onde cura a irmã do Papa Júlio III; passa por Veneza, onde o embaixador do imperador Carlos V, Diego de Mendoza, é assistido por João Rodrigues. Chamado a Roma em 1550 para tratar do estado de saúde do próprio papa, entre inúmeras personalidades ilustres, cura também de doença D. Afonso de Lencastre, embaixador português nessa cidade. Regressou a Ancona em 1552 e aí permaneceu até 1555, altura em que os emissários do novo papa João IV ordenaram a expulsão de todos os judeus, sendo obrigado a fugir para Pesaro, abandonando finalmente a Itália em 1556 rumo a Ragusa (então capital da importante república independente de Ragusa, actual Dubrovnik croata) e em 1559 fixou-se na cidade macedónia de Salónica, à época sob o domínio Otomano e na qual permaneceu até à morte, vítima de um surto de peste.
Cortesia de bnp
No curso da sua vida e depois postumamente, foi publicada a sua experiência médica em Curationum medicinalium (Veneza, 1557-1560; Lion, 1580).
Sempre tratei os meus doentes com igual cuidado, quer fossem pobres ou nascidos em nobreza, sem procurar saber se eram hebreus, cristãos ou sequazes da lei Maometana; Sempre fui parcimonioso nos honorários e muitas vezes sem qualquer paga, tendo sempre mais em vista que os doentes recobrem a saúde do que tornar-me rico pelos seus dinheiros; Como autor de escritos médicos e ao publicar os meus livros quis só promover que a fé intacta das coisas chegasse ao conhecimento dos vindouros, sem outra ambição que não fosse contribuir de qualquer modo para a saúde da humanidade, sem nada fingir, acrescentar ou alterar em minha honra». In Amato Lusitano, Juramento médico, Biblioteca Nacional de Portugal.
Cortesia de BN de Portugal/JDACT