segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Steve Berry. O Legado dos Templários. «Ia começar a dirigir-se para lá quando dois homens se aproximaram. Um deles encostou-lhe uma coisa dura às costas. Não resista, Sr. Malone…»

 

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Abbaye des Fontaines. Pirinéus Franceses.

Roskilde

«(…) Esticou o braço e apertou a mão do auxiliar. Dobrada na palma da mão ia uma nota de mil coroas. Viu que Gregos apreciou a oferta e a guardou discretamente no bolso, pois as gratificações não eram bem vistas pela casa leiloeira. Só mais uma coisa, disse Malone. Quem era o licitador endinheirado ao telefone? Como muito bem sabe, Cotton, essa informação é confidencial. Como muito bem sabe, detesto regras. É alguém que eu conheça? É o proprietário do edifício que aluga em Copenhaga. Por pouco não sorria. Henrik Thorvaldsen. Devia ter adivinhado. O leilão ia recomeçar. À medida que os presentes retomavam os seus lugares, Malone dirigiu-se para a entrada e viu Peter Hansen sentar-se. Lá fora, a noite dinamarquesa começava a arrefecer e, apesar de serem quase oito horas, o céu guardava ainda alguma luz e cor do lento entardecer. A alguns quarteirões de distância erguia-se a catedral de tijolos vermelhos, a Domkirke, onde a família real dinamarquesa era sepultada desde o século XIII.

O que estaria Stephanie a fazer ali?

Ia começar a dirigir-se para lá quando dois homens se aproximaram. Um deles encostou-lhe uma coisa dura às costas. Não resista, Sr. Malone, ou disparo, murmurou-lhe uma voz ao ouvido. Ele olhou para a esquerda e para a direita. Os dois homens que vira a conversar com Stephanie flanqueavam-no agora e nas suas caras espelhava-se o mesmo olhar ansioso que observara há algumas horas no rosto do homem da faca. Stephanie entrou na Domkirke. O homem da leiloeira dissera que a catedral era fácil de encontrar e não mentira. O monstruoso edifício, demasiado grande para a cidade em seu redor, dominava o céu do fim do dia. No interior da grandiosa igreja descobriu uma miríade de extensões, capelas e pórticos cobertos por um tecto alto e abobadado e janelas de vitrais que banhavam as antigas paredes com uma luz celestial. Apercebeu-se de que a catedral já não era católica, devia ser luterana, pela decoração, e a sua arquitectura revelava uma influência claramente francesa.

Estava zangada por não ter conseguido arrematar o livro. Pensou que não custaria mais de trezentas coroas, cerca de cinquenta dólares. Mas, para seu azar, um comprador anónimo pagara oito mil dólares por um inofensivo relato escrito há mais de cem anos. Mais uma vez, alguém estava a par dos seus intentos. Talvez fosse a pessoa que a esperava. Os dois homens que a tinham abordado disseram-lhe que ficaria tudo esclarecido se ela fosse até à catedral e encontrasse a capela de Cristiano IV. Achara tudo aquilo um pouco despropositado, mas não tinha outra escolha. A verdade é que havia muita coisa para fazer e o tempo escasseava.

Seguiu as indicações que lhe tinham sido dadas e contornou o pórtico. Decorria um serviço religioso na nave à sua direita, frente ao altar-mor, ao qual assistiam cerca de cinquenta pessoas. A música do órgão ecoava no interior da igreja com uma vibração metálica. Stephanie encontrou a capela de Cristiano IV e entrou, abrindo um gradeado de ferro forjado. À sua espera estava um homem de cabelo fino e grisalho, rosto enrugado e barbeado, que vestia calças de algodão de cor clara, uma camisa de colarinho desapertado e um blusão de cabedal. À medida que se aproximava, notou que os olhos escuros possuíam um brilho que de imediato considerou frio e suspeito. Talvez ele tenha adivinhado a sua apreensão, pois fitou-a com uma expressão mais afável e sorriu-lhe. Sra. Nelle, que prazer conhecê-la. Como sabe quem eu sou? Conhecia muito bem o trabalho do seu marido. Era um grande estudioso de assuntos que me interessam. Que assuntos? O meu marido era versado em muitas áreas. Rennes-le-Château é o meu principal interesse, assim como o trabalho que desenvolveu sobre o alegado segredo dessa aldeia e da terra que a rodeava. Foi o senhor quem arrematou o livro? O homem levantou os braços como se estivesse a render-se». In Steve Berry, O Legado dos Templários, 2006, Publicações dom Quixote, 2007, ISBN 978-972-203-808-9.

Cortesia PdomQuixote/JDACT

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