quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O Segredo da Descoberta Portuguesa das Américas. José Gomes Ferreira. «Todos exigem provas definitivas, escritas, para poderem considerar a hipótese da pré-descoberta das Américas pelos navegadores portugueses, sendo esta uma condição sine qua non…»

jdact

«(…) Durante muitas décadas, ou melhor, desde há dois séculos, vários autores portugueses e estrangeiros, incluindo sul e norte--americanos, afirmaram que a primazia na descoberta das ilhas e dos territórios da América era portuguesa: desde Alexander von Humboldt a Hemy Yule Oldham no século XIX, Edgar Prestage e Jaime Cortesão em meados do século XX, Peter W. Dickson em 2002, até aos anos mais recentes, com a publicação em 2015 do livro de John D. Irany Before 1492 – The Portuguese Discovery of America (Amazon, Kindle Edition).

Sabemos claramente que todos os autores que ousaram defender esta controversa tese foram sempre obrigados a enfrentar a resistência feroz do establishment intelectual, académico, cultural, político e mesmo diplomático. Dos historiadores oficiais aos professores do ensino público e até do ensino privado, políticos, diplomatas e homens de negócios, a oposição a esta tese foi sempre severa. Todos exigiram provas directas, nomeadamente provas escritas, e sempre recusaram provas indirectas, circunstanciais, rejeitando  explicações e enquadramentos baseados no ambiente social, no estado da arte, no espírito do tempo (zeitgeist), no paradigma tecnológico da época, perspectivas que, como sabemos, são sempre importantes complementos para consolidar qualquer nova tese sobre História. Todos exigem provas definitivas, escritas, para poderem considerar a hipótese da pré-descoberta das Américas pelos navegadores portugueses, sendo esta uma condição sine qua non para se iniciar uma eventual discussão sobre o assunto. Com tantas requisitos prévios, a aceitação da própria tese em si torna-se assim virtualmente impossível, porque haverá sempre mais uma e outra exigência de provas definitivas, como se as existentes nunca bastassem...

Mas, de facto, tal conjunto de provas existe e é cada vez mais volumoso. Como costumamos dizer em bom português, essas provas sempre estiveram e continuam a estar debaixo dos nossos olhos. O problema é que, colectivamente, nós continuamos a não as querer ver. Aliás, há um ditado popular que se aplica na perfeição a esta realidade: o verdadeiro cego é aquele que não quer ver. É esse o caso dos historiadores oficiais, para quem, uma versão diferente da oficial sobre a descoberta da América, uma interpretação alternativa ao feito de Cristóvão Colombo em 1492 nem sequer merecem a pena ser analisadas, não importa em que argumentos se baseiam, nem sequer com que provas são fundamentadas.

Em relação à tese da pré-descoberta das Américas pelos portugueses, poderemos dizer, como disse Galileo Galilei, no tribunal da Inquisição (maldita) em relação ao planeta Terra e à posição que este ocupava no sistema solar: Eppur si muove (e, no entanto, move-se). Há, de facto, uma versão diferente da história da descoberta das Américas pelos europeus que continua a ser pacientemente tecida por muitos investigadores independentes e à espera da oportunidade de ser amplamente conhecida e divulgada. Este ensaio, ou melhor, esta modesta investigação e interpretação jornalística, é sobre as evidências e as provas concretas da pré-descoberta das Américas pelos navegadores portugueses.

A Pré-Descoberta Portuguesa da Península da Florida

Pela primeira vez na História, a península da Florida aparece claramente desenhada, correctamente posicionada e com os seus contornos minuciosamente detalhados no primeiro rnapa-múndi digno desta classificação, o mapa de Henricus -Martellus, de 1490-1491, que, como se sabe, foi amplamente baseado nas novas descobertas portuguesas no oceano Atlântico. O mesmo território aparece claramente desenhado no primeiro globo terrestre feito por Martim Behaim, em Nuremberga, em 1490.

A península da Florida é mostrada novamente em pormenor no mapa de Cantino de 1501-1502, que reproduziu o chamado Padrão Real português, o secreto mapa oficial do mundo, rigorosamente guardado no Terreiro do Paço, em Lisboa, nas caves do palácio do rei Manuel I». In José Gomes Ferreira, O Segredo da Descoberta Portuguesa das Américas, Oficina do Livro, chancela LrYa, 2022, ISBN 978-989-661-557-4.

Cortesia de OdoLivro/JDACT

JDACT, José Gomes Ferreira, História, Conhecimento, Caso de Estudo, Literatura,