quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BNP. Ruy Coelho (1889-1986). Mostra: Até ao pf dia 8 de Outubro. Sala de Referência: «Manteve uma produção abundante até ao final da sua carreira como compositor, reflectindo a mesma orientação nacionalista que vinha desenvolvendo desde os anos 20 e que podemos encontrar expressa em três vertentes. A utilização de elementos folclóricos, a evocação historicista e a ópera portuguesa»

Cortesia da bnp

«Mostra evocativa do compositor e da sua obra através de alguns dos manuscritos autógrafos, impressos musicais e textos literários que integram o seu espólio, doado à BNP em Maio de 2011.

Compositor, maestro e pianista, Ruy Coelho (1889-1986) nasceu em Alcácer do Sal tendo iniciado os seus estudos musicais numa Banda Filarmónica local. Aos quinze anos ingressa no Conservatório Nacional onde foi aluno de Alexandre Rey Colaço, António Eduardo da Costa Ferreira e Tomás Borba. Em 1910 viajou, primeiro para Berlim onde estudou com Engelbert Humperdinck, Max Bruch e Arnold Schönberg, e depois para Paris onde frequentou os cursos de Paul Vidal. De regresso a Portugal, em 1913, aproximou-se do movimento modernista (em obras como A princesa dos sapatos de ferro, 1915) e, a partir de 1922, do nacionalismo (Nun’Álvares, poema sinfónico, 1922, Inês de Castro, 1927). Esteve ligado à criação da companhia Bailados Portugueses Verde Gaio para a qual escreveu dois bailados sobre temas históricos (Inês de Castro, 1940, e D. Sebastião, 1943).

Manteve uma produção abundante até ao final da sua carreira como compositor, reflectindo a mesma orientação nacionalista que vinha desenvolvendo desde os anos 20 e que podemos encontrar expressa em três vertentes:
  • a utilização de elementos folclóricos (Rapsódia portuguesa, 1935, Rapsódia de Águeda, 1953, Viagens na minha terra, 1964-1967),
  • a evocação historicista (D. João IV, 1940, O castelo de Lisboa, 1962, Sinfonia henriquina, 1966),
  • a ópera portuguesa (Inês Pereira, 1951, Auto da Alma, 1960, e Auto da Barca da Glória, 1970).
De personalidade vincada e controversa, envolveu-se em polémicas com vários músicos como Júlio Neuparth, Viana da Mota, Luís de Freitas Branco e Hermínio do Nascimento, tendo mantido com estes acesas polémicas na imprensa, das quais a mais célebre foi com o jovem Fernando Lopes Graça. Colaborou regularmente com diversos jornais de Lisboa como crítico de música durante toda a sua carreira e publicou diversas recolhas de artigos e de intervenções, em particular sobre a organização do teatro lírico nacional.

Cortesia da bnp

Ruy Coelho deixou uma obra vasta e diversificada tendo composto numerosas obras de música orquestral, óperas, bailados, música coral, música para cinema e ainda peças para piano, canções e música de câmara.
O Espólio doado à BNP inclui maioritariamente manuscritos (autógrafos e cópias), materiais de orquestra e impressos da sua obra musical, vindo enriquecer a colecção de Música da BNP que integra já os espólios de grandes compositores do século XX, designadamente Augusto Machado, Vianna da Motta, Armando José Fernandes, Luís de Freitas Branco ou Joly Braga Santos». In Biblioteca Nacional de Portugal.

Cortesia de BN de Portugal/JDACT