Cortesia
de wikipedia e jdact
«Gwendolyn,
na costa das Ilhas Superiores, olha para o mar, assistindo horrorizada quando a
neblina se aproxima e começa a envolver o seu bebé. Ela tem a sensação de que o
seu coração está partindo em dois ao ver Guwayne afastar-se cada vez mais,
desaparecendo no meio da névoa no horizonte distante. A maré, carrega-o para o
desconhecido, e seu filho fica mais longe do seu alcance a cada segundo. Lágrimas
rolam pelo rosto do Gwendolyn enquanto ela observa, incapaz de se afastar e
completamente entorpecida. Ela perde toda a noção de tempo e espaço, e já não
sente o seu próprio corpo. Uma parte dela morre enquanto ela vê a pessoa que
ela mais ama no mundo ser levada pela corrente marítima. É como se uma parte de
Gwen tivesse sido levada para o meio do oceano com ele.
Gwen odeia-se por ter feito o que
fez, mas ao mesmo tempo, ela sabe que aquela tinha sido a única maneira possível
de talvez salvar o seu filho. Ela ouve o som de rugidos e trovões no horizonte
atrás dela e sabe que, em breve, toda aquela ilha seria consumida pelas chamas,
e nada que ela pudesse fazer seria capaz de salvá-los. Nem Argon, que continua
deitado num estado indefeso; nem Thorgrin, que está em algum lugar distante, na
Terra dos Druidas; nem Alistair ou Erec, que estão muito longe dali, nas Ilhas
do Sul; e certamente nem Kendrick ou os Prata ou qualquer um dos corajosos
homens que ali se encontram, nenhum deles possui os poderes necessários para
combater um dragão. Mágica é do que eles precisam, e também é a única coisa de
que não dispõem. Eles tinham tido sorte ao conseguirem escapar do Anel e,
agora, o destino os havia alcançado. Não há mais como correr e nenhum lugar
onde poderiam esconder-se. É hora de encarar de frente a morte que há muito
tempo os perseguia.
Gwendolyn se vira, olha para o
horizonte oposto e vê, mesmo daquela distância, uma massa escura de dragões que
se aproxima rapidamente, voando na direcção deles. Gwen tem pouco tempo; ela não
quer morrer ali sozinha naquela costa, e sim junto ao seu povo, protegendo-os o
máximo que lhe for possível. Ela dá uma última olhada na direcção do mar,
esperando ver Guwayne uma última vez. Mas não há nada. Guwayne está muito longe
dela agora, em algum lugar do horizonte, sendo levado em direcção a um mundo
que ela jamais conheceria. Por favor,
Deus, Gwen reza. Esteja com
ele. Leve minha vida no lugar da dele. Eu farei qualquer coisa. Mantenha
Guwayne em segurança. Permita que eu volte a segurá-lo nos meus braços. Eu lhe
imploro. Por favor.
Gwendolyn abre os olhos,
esperando ver algum sinal, talvez um arco íris no céu, qualquer coisa. Mas o
horizonte está vazio. Não há nada excepto nuvens tempestuosas escuras, como se
o universo estivesse furioso com ela pelo que Gwen havia feito. Soluçando, Gwen
dá as costas para o oceano mais uma vez, dá as costas para o que ainda restava
da sua vida, e começa a correr, aproximando-se a cada passo do momento em que
enfrentaria o mal ao lado do seu povo pela última vez.
Gwen fica em pé nos parapeitos
superiores do antigo forte de Tirus, rodeada por dezenas dos seus companheiros,
entre eles os seus irmãos Kendrick e Reece, e Godfrey, além de seus primos
Matus e Stara, Steffen, Aberthol, Srog, Brandt, Atme, e todos os cavaleiros da
Legião. Todos observam o céu, em silêncio sombrio, cientes do que estava
prestes a acontecer com todos eles. Eles ficam ali parados, completamente
impotentes e ouvindo o barulho distantes dos rugidos enquanto Ralibar luta por
eles, um único e corajoso dragão fazendo o possível para segurar o exército de
dragões inimigos. O coração de Gwen enche-se de orgulho ao assistir Ralibar
lutando, tão forte e corajoso; um dragão diante de dezenas e, ainda assim, sem
demonstrar qualquer temor. Ralibar cospe fogo nos dragões, erguendo as suas
grandes garras para arranhá-los, agarrando-os e enfiando as suas enormes presas
nos seus pescoços. Ele não só é mais forte do que os outros, mas também é mais
rápido. É impressionante observá-lo em acção. Enquanto Gwen assiste, o seu coração
se enche mais uma vez com uma pontada de esperança; uma parte dela ousa
acreditar que Ralibar talvez possa derrotá-los. Ela vê Ralibar desviar e
mergulhar quando três dragões assopram fogo no seu rosto, errando o alvo por
pouco. Ralibar mergulha para a frente e enfia as suas garras no peito de um dos
dragões, usando o seu impulso para empurrá-lo na direcção do oceano. Vários
dragões assopram fogo nas costas de Ralibar quando ele mergulha, e Gwen assiste
horrorizada quando Ralibar e o outro dragão se tornam numa bola flamejante,
descendo em direcção ao mar. O dragão tenta resistir, mas Ralibar usa todo o
seu peso para empurrá-lo na direcção das ondas, e logo, ambos caem dentro do
oceano». In Morgan Rice, Uma Terra de Fogo, 2014, colecção Anel do Feiticeiro, Stockcom,
Frentusha, 2015, ISBN 123-000-053-563-2.
Cortesia de Stockco/Frentusha/JDACT