Cortesia
de wikipedia e jdact
«(…)
Indexação
das informações
Entre
1781 e 1782, a história dos Arquivos foi dominada por Giuseppe Garampi, o
principal criador, entre outras coisas, do famoso sistema de índice que leva o seu
nome. Ele manteve muitas aquisições, depósitos e conseguiu muitas
transferências de material, inclusive cerca de 1.300 livros da câmara. Em 1783,
tudo o que ainda restava em Avignon foi levado para o Vaticano, incluindo uma
série de registos chamados de Regista Avenionensia. Em 1798, os registos que estavam
no Castelo Sant’Ângelo também foram transferidos para lá, e Garampi já havia
assumido como arquivista do Vaticano e do castelo. Assim, o acervo foi
acrescido de 81 documentos com selos de ouro, entre os quais constava um
diploma de Friedrich Barbarossa ou Frederico I, sacro imperador romano-germânico
(1122-1190), que datava de 1164. Em 1810, por ordem de Napoleão Bonaparte,
quando da sua invasão à Itália, os arquivos foram levados para Paris e apenas
voltaram para o seu local original entre 1815 e 1817, o que causou a perda de
vários documentos. Quando as tropas italianas conquistaram Roma, em 1870, os
arquivos encontrados fora dos muros vaticanos foram confiscados pelo então
recém-nascido estado italiano, que assim formou o núcleo dos arquivos de
estados de Roma.
No século XVII os arquivos foram
retirados da biblioteca do Vaticano, até então seu local sede, e permaneceram
fechados para pessoas não autorizadas até ao fim do século XIX, quando passaram
a ser abertos parcialmente pelo papa Leão XIII. Desde então, o acervo tornou-se
um dos mais importantes do mundo. Em 1892, uma parte enorme da Dataria Apostolica,
um dos cinco Ufficii
di Curia, órgão da cúria romana anexo à chancelaria apostólica,
foi criada no século XII e extinta no século XX durante o pontificado de Pio X.
Durante o século passado, bem como em partes modernas dos arquivos da
Secretaria de Estado, apareceram também arquivos da secretaria de comunicados
da rota romana, tribunal com lei própria, também chamado de tribunal da rota
romana ou tribunal
rotae romanae, que funciona como instância superior no grau de
apelo junto à sé apostólica para tutelar os direitos na Igreja de várias
congregações, do palácio apostólico, do primeiro Concílio do Vaticano e até de
famílias ligadas à história da cúria, incluindo Borghese, Boncompagni,
Rospigliosi, Ruspoli, Marescotti, Montoro, entre outras.
No ano 2000, o arquivo completo sobre o Concílio do Vaticano II foi
transferido pelo papa Paulo VI (1897-1978), que abriu o acesso a cientistas e
investigadores num limite além do normalmente imposto para consultas. Hoje em
dia, a documentação mantida nos Arquivos Secretos está em constante crescimento
e cobre cerca de 800 anos de história, de 1198 em diante, com alguns documentos
isolados pertencentes aos séculos X e XI. O item mais antigo conservado pelo
arquivo é o Liber Diurnus Romanorum
Pontificum, um antigo livro com as declarações da chancelaria papal
que remontam ao século VIII.
A abertura dos Arquivos
Talvez não haja um anúncio de maior expectativa, principalmente para o
mundo dos cientistas, que a abertura total ou parcial dos Arquivos Secretos do
Vaticano ao público. Imagine-se ter acesso a milhares de documentos históricos,
num acervo que é comparável ao de grandes museus do mundo, como o Museu
Britânico ou o Louvre, mas composto apenas e tão-somente por papéis inéditos,
que não veem a luz do dia há séculos. Não é à toa que, a cada anúncio de abertura
de uma parte dos Arquivos Secretos do Vaticano, o mundo noticia esse facto com
destaque. O Vaticano conhece o fascínio que os seus arquivos exercem nas
pessoas. Os últimos períodos de abertura foram:
Em 1966: textos do período do pontificado de Pio XI, de 1846 a 1878;
Em 1978: textos do período do pontificado de Leão XIII, de 1878 a 1903;
Em 1985: textos do período dos pontificados de Pio X, de 1903 a 1914, e de
Bento XV, de 1914 a 1922.
Em 2003, o papa João Paulo II abriu a documentação referente ao arquivo
histórico da Secretaria de Estado (segunda seção), que possui textos que narram
as perigosas interacções do Vaticano com a Alemanha durante o nazismo. O meio académico
sempre se interessou, motivo pelo qual Pio XI se manteve de certa maneira
inerte à perseguição realizada contra os judeus, o que levou à especulação de
que o papa teria alguma espécie de acordo secreto com Hitler. A abertura total
dos Arquivos Secretos do Vaticano seria um acontecimento ímpar. Primeiro, por
ter um dos acervos mais antigos e em excelente estado de conservação, graças
aos esforços dos especialistas que lá trabalham, em geral ligados à Igreja ou
ao próprio clero». In Sérgio P. Couto, Os Arquivos Secretos do
Vaticano, Da Inquisição à renúncia de Bento XVI, Editora Gutenberg, 2013, ISBN
978-856-538-385-1.
Cortesia
de EGutenberg/JDACT