Duarte D'Armas
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A Fortaleza de Olivença localiza-se na povoação de mesmo nome naà margem esquerda do rio Guadiana, antigamente Odiana, território português actualmente administrado por Espanha. Desde o Congresso de Viena em 1815 ainda não houve negociações com Espanha.
Ao mesmo tempo em que a Ordem do Templo e a Ordem de Santiago se expandiam para o Sul sob o reinado de Fernando III de Leão e Castela, registava-se a expansão portuguesa na margem esquerda do rio Guadiana, de tal modo que sob o reinado de Afonso X de Leão e Castela foram por aquele soberano tomadas duas medidas:
- a Convenção de Badajoz (1267), que afirmou o curso dos rios Caia e Guadiana como raia entre os domínos de Castela e de Portugal;
- a remoção da Ordem do Templo dos domínios raianos de Olivença, com a integração dos mesmos ao Concelho e Bispado de Badajoz.
Sob o reinado de D. Dinis o equilíbrio de forças assim obtido alterou-se a favor de Portugal. Em Castela, o falecimento prematuro de Sancho IV de Castela, a regência de D. Maria de Molina e a menoridade de Fernando IV de Castela, acarretam grave crise política que conduz à sublevação da nobreza. Como agravante deste quadro de guerra civil, os muçulmanos intentam uma contra-ofensiva. O soberano português, aproveitando-se desta conjuntura, através de uma combinação de pressão militar e diplomática, age para recuperar os domínios portugueses perdidos na margem esquerda do rio Guadiana:
- Mértola,
- Noudar,
- Mourão, com a assinatura da Convenção de Ciudad Rodrigo (1295).
Com a assinatura do Tratado de Alcanices (1297), os domínios de Olivença e seu castelo foram confirmados na posse da Coroa portuguesa, revalorizando-lhe a posição estratégica frente a Badajoz, o que se traduziu num progressivo incremento das fortificações da primeira. Desse modo, a partir de 1298 D. Dinis iniciou a reconstrução das primitivas defesas dos Templários, ampliando a cerca da vila que, com planta quadrada passou a ser amparada por quatorze torres. Os trabalhos tiveram prosseguimento no reinado de seu sucessor, D. Afonso IV, que os completou em 1335, com a construção da Alcáçova no seu interior, no vértice a Norte.
Posteriormente, sob o reinado de D. João II foi levantada, no recinto da Alcáçova, a mais alta torre de menagem da linha raiana. Elevando-se a 35 metros de altura, o conjunto recebeu o reforço de um fosso inundado. O seu topo era acedido por um conjunto de 17 rampas, que permitia a movimentação de peças de artilharia. Esta obra monumental próxima a Badajoz, erguida em tempo de paz, foi acompanhada à distância, com suspeição, pela Coroa de Castela.
Posteriormente, sob o reinado de D. João II foi levantada, no recinto da Alcáçova, a mais alta torre de menagem da linha raiana. Elevando-se a 35 metros de altura, o conjunto recebeu o reforço de um fosso inundado. O seu topo era acedido por um conjunto de 17 rampas, que permitia a movimentação de peças de artilharia. Esta obra monumental próxima a Badajoz, erguida em tempo de paz, foi acompanhada à distância, com suspeição, pela Coroa de Castela.
Porta de S. Sebastião
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Ao iniciar-se o reinado de D. Manuel desenvolveu-se uma nova etapa construtiva nas fortificações de Olivença:
- a cerca fernandina foi demolida por Afonso Mendes de Oliveira,
- a sua pedra aproveitada na construção de uma terceira cerca, da qual dispomos a iconografia de Duarte d'Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).
Este soberano foi responsável por outra importante estrutura militar para a defesa de Olivença:
- a construção de uma ponte fortificada sobre o rio Guadiana, visando assegurar as comunicações entre as tropas portuguesas nas duas margens, a chamada Ponte da Ajuda.
Constituía-se num castelo com muralhas espessas e elevadas, em alvenaria de pedra, reforçadas por grandes torres de paredes cegas. A defesa era efectuada a partir dos matacães, uma vez que não possuía ameias.
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As muralhas eram rasgadas por 3 portas, de que se conservaram duas, a Porta de Alconchel, em arco de volta perfeita, defendida por duas torres, e a Porta dos Anjos, também em arco de volta perfeita mas rematada por um frontão. A terceira porta, sob a invocação de São Sebastião, também em arco de volta perfeita, foi reconstruída no contexto dos trabalhos de restauração, em 2006.
A torre de menagem mede, aproximadamente 40 metros de altura (embora haja referências a 35 m) por 18 m de lado e é dividida internamente em 3 pavimentos, onde se destaca a decoração do último. É acedida por 17 rampas com cobertura em abóbada de canhão permitindo o trânsito de peças de artilharia. Como apoio à defesa, construímos ainda diversas atalaias de vigilância, com a função de comunicar à guarnição do castelo os movimentos das tropas castelhanas.
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Em 1975 o antigo castelo sofreu uma extensa campanha de restauração, quando as suas dependências foram requalificadas, passando a albergar o Museu Etnográfico de Olivença.
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