Ilustração de Alfredo Keil
Cortesia de biblioviso
Dona Branca
[...]
Em hora boa saía a nova esposa
por caminho de flores! Saía a bela,
a casta filha de Sião sagrada
para os paços magníficos do esposo!
Choremos nós, que ela se vai, choremos,
que nos deixa e se vai.
Gentil religião, teu culto abjuro,
tuas aras profanas renuncio:
Professei outra fé, sigo outro rito,
e para novo altar meus hinos canto.
Vivam as fadas, seus encantos vivam!
Nossas lindas ficções, nossa engenhosa
mitologia nacional e própria
tome enfim o lugar que lhe usurparam
na lusitana antiga poesia
de suas vivas feições, de sua ingénua
natural formosura despojada
por gregos deuses, por espectros druídicos,
e com postiças, emprestadas galas
arreada sem primor, rica sem arte.
[...]
Poema de Almeida Garrett, in 'Dona Branca ou A Conquista do Algarve'
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