quinta-feira, 29 de março de 2012

A Matemática das Coisas. Coisas do dia-a-dia. Nuno Crato. Atacadores e Gravatas. Parte 2. «As coisas complicam-se quando o número de movimentos aumenta. Entre os de oito passos destaca-se o Windsor que o respectivo duque não praticava, mas é muito usado quando se pretende engrossar o nó»

Nó Windsor
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Atacadores e Gravatas
«Admitiu que se queria maximizar a segurança da ligação e minimizar o comprimento dos atacadores. Comparando os três sistemas acima considerados, verifica-se que o mais económico é sempre o americano, dependendo o seguinte do número de ilhós. Para quatro pares de ilhós ou mais, o europeu bate o de fábrica. Para três pares, são equivalentes. Para um ou dois pares, o problema é trivial, pois os três sistemas coincidem. Tente o leitor verificá-lo e verá que não é difícil.
Polster, contudo, não se limitou a estudar estes três sistemas. Analisou o problema de forma geral, tendo apenas em conta as restrições acima apontadas. Descobriu que o sistema mais económico não é nenhum dos habituais. Encontrou uma disposição pouco comum a que chamou lacinho (“bowtie”).


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Considerando depois a segurança do aperto, não encontrou nenhum sistema esotérico, o que é reconfortante. Os processos americano e de fábrica são afinal os melhores.
Enquanto as fileiras de ilhós estiverem afastadas, o sistema de fábrica é o mais forte. Quando as fileiras estiverem próximas, o americano é preferível.
No seu tratamento matemático dos atacadores, Polster inspirou-se num trabalho igualmente curioso que os físicos computacionais Thomas Fink e Yong Mao publicaram há já alguns anos. Trata-se das formas de dar o nó da gravata, tema que deu origem a um livro que escreveram em 1999 e cuja tradução foi publicada pela D. Quixote:

  •  “As 85 Maneiras de Dar um Nó de Gravata”.

Nesse estudo, que começa por fazer uma curta história da gravata e explica depois brevemente a teoria matemática dos nós, os dois físicos procuram todos os nós de gravata possíveis, mas são obrigados a restringir-se àqueles que podem ser dados com menos de dez movimentos. Mesmo assim, encontram 85 formas de dar o nó. A mais simples implica apenas três movimentos. Começa por se colocar a gravata do avesso e esse número ímpar de voltas permite que a parte da frente fique direita, como é de bom tom.

Trata-se do chamado nó oriental, pouco usado em gravatas ocidentais. Logo em seguida aparece o nó com quatro movimentos, que é o mais habitual. As coisas complicam-se quando o número de movimentos aumenta. Entre os de oito passos destaca-se o Windsor que o respectivo duque não praticava, mas é muito usado quando se pretende engrossar o nó. Aparecem muitos outros, e talvez algum deles venha a estar na moda. A matemática, no entanto, estará sempre presente». In Nuno Crato, A Matemática das Coisas, Gradiva, Sociedade Portuguesa de Matemática, Abril 2008, ISBN 978-989-616-241-2.

Cortesia de Gradiva/JDACT