(1849-1920)
Portalegre
Cortesia de paulus
Augusto Eduardo Nunes entrou no colégio de Campolide com o desejo de ser sacerdote e ingressou, mais tarde, no Seminário Patriarcal de Santarém e aí fez a formação sacerdotal revelando-se um aluno brilhante. Distingue-se de tal forma que foi escolhido para se ir formar em Teologia, na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, onde mais tarde chegou a leccionar. Escreveu o primeiro compêndio de Teologia Dogmática.
Em 13 de Novembro de 1884 foi nomeado Arcebispo Coadjutor de Évora (como titular de Perge). Alguns anos mais tarde, em 1890, ascendeu a Arcebispo Metropolitano de Évora, cargo que exerceu até à sua morte. A seguir à Revolução Republicana de 1910 juntou-se aos restantes Bispos de Portugal, no protesto que fizeram na sequência da promulgação da Lei da Separação do Estado das Igrejas, em 1911.
«D. Eduardo Nunes fora professor da Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra antes de ser nomeado bispo de Perga com sucessão do arcebispo de Évora. D. José António Pereira Bilhano, já então inválido na sua casa de Ílhavo, vindo a falecer em 18 de Setembro de 1890. D. Augusto Eduardo Nunes surge no panorama dos nossos interesses culturais aquando do Congresso da História da Universidade de Coimbra, em 1990. Estudámos então “Para a História da Faculdade de Teologia de Coimbra no século XIX. Beneplácito Régio contra a autonomia do ensino”, publicado nas respectivas Actas (Vol. I, pp. 327-345) depois de aparecido na revista Brotéria (Vol. 131, 5, Novembro de 1990, pp. 424-441). Foi assim que nos surgiu este pormenor: um volume apresentado pelo Dr. Senra Coelho como editado em texto autónomo era separata ou algo equivalente ao aparecido na Revista de Theologia, Jornal religioso, scientífico, moral e littenario publicado em Coimbra por alguns lentes da Faculdade de Theologia com autorização do Exmº e Revmº Sr. Bispo Conde, I Anno, 1877-1888, Coimbra, Imprensa Litteraria, 1878, pp. 377-382; 417-428; 486-499; 550-565. A revista era publicada em fascículos mensais de 48 páginas. As treze primeiras partes do trabalho de A. E., Nunes trazem sob a sua assinatura a indicação de “Estudante do 4.º anno de Theologia”. O último, e conclusivo artigo, no número 12, trá-lo já (pp. 565) “Bacharel em Theologia”. O pormenor bibliográfico só demonstra o precoce interesse do Dr. Eduardo Nunes pela investigação e pela apologia dos valores cristãos». In J. M. da Cruz Pontes, Prof. Cat. Jubilado da Universidade de Coimbra, Correio de Coimbra.
Na sua arquidiocese suportou alguns momentos difíceis durante os primeiros anos após a Implantação da República, chegando mesmo a ter que fixar residência em Elvas, por ter sido exilado da sede arquidiocesana.
http://www.centenariorepublica.parlamento.pt/CongressoCvsPapers/FranciscoSenraCoelho_Paper.pdf
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=80521
«Em 1910, a 7 de Outubro fez colocar a bandeira da república e com o cabido da catedral eborense, saudou o novo regime em nome do clero da arquidiocese, esclarecendo que a Igreja Católica não estava dependente de regimes políticos e que tanto poderia cumprir a sua missão em regime monárquico como republicano. Terminava por garantir lealdade às novas autoridades da Nação, sempre em conformidade com as orientações da Santa Sé.
Aloisi Masella
Cortesia de centenariorepublicaparlamento
D. Augusto Eduardo Nunes era colega de docência coimbrã dos grandes protagonistas da revolução e do pensamento republicano, nomeadamente de Afonso Costa. Foi neste contexto que o episcopado português e o Responsável dos Negócios da Santa Sé em Portugal, Benedetto Aloisi Masella, o escolheram para protagonizar como representante da Igreja em vários encontros com o rosto do Novo Regime para as questões eclesiásticas, que era Afonso Costa». In Augusto Eduardo Nunes, Arcebispo de Évora e a Primeira Republica.
D. Augusto Eduardo Nunes, Professor de Coimbra e Arcebispo de Évora.
Trata-se de um livro que em 3 partes aborda a Biografia, o Pensamento e Actuação do Arcebispo de Évora face ao período da Primeira Republica 1910-1920. O livro oferece ainda a edição de um valioso conjunto de obras da autoria do autor, enquanto estudante e professor na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, incluindo a tradução da sua Tese de Doutoramento «Ecclesiae Catholicae Munus Sociale» (1880) e os textos dos Principais documentos Colectivos do Episcopado Português, dos quais D. Augusto Eduardo Nunes foi redactor em nome de todos os colegas Bispos. A obra oferece ainda uma síntese cronológica dos principais acontecimentos da vida e do tempo do Arcebispo de Évora (1849-1920) e um apêndice fotográfico.
«Depois da proclamação da chamada «Lei das Cultuais» (Os bens da Igreja deviam ser administrados e conduzidos por grupos de leigos), ele fez, como todos os bispos, a denúncia dessa lei. Acontece que, pelo facto de terem denunciado essa lei, os bispos foram desterrados das suas dioceses, menos ele (foi desterrado apenas a 8 de Abril de 1912). Vivia uma amargura imensa e curiosa: “Devem pensar que sou um traidor e que faço uma posição dupla perante os meus colegas”.
Esta possível interpretação advém da relação que tinha com Afonso Costa, Teófilo Braga e grandes pensadores da República que foram antigos colegas em Coimbra. Daí, como muita probabilidade, ele ter sido alvo de um grande encontro pessoal com Monsenhor Aloisi Masella, responsável dos negócios da Santa Sé em Portugal, para, constantemente, dar o seu parecer. Era a pessoa da hierarquia da Igreja mais próxima dos governantes republicanos.
Por outro lado, esta pessoa que faz a redacção dos documentos colectivos do episcopado português – estava muito bem preparado teologicamente e era considerado a «boca de ouro» da Península Ibérica – tinha a capacidade de ser compreendida pelos grandes paladinos da 1ª República. Ele era uma figura grada aos professores de Coimbra». In Francisco Senra Coelho, Agência Ecclésia.
Cortesia do Correio de Coimbra/I.P. de Portalegre/Agência Ecclésia/JDACT