A Casa do Ouro. A Montanha Sagrada
O Objectivo Principal
«(…)
Em
relação aos Textos da Pirâmide e suas referências ao Campo de Mfkzt como uma
dimensão para a Vida após a Morte dos Reis, é pertinente notar que os pães
brancos eram também associados aos deus-chacal Anúbis, no Egipto. Ele
supostamente comandava os ritos funerários e levava o morto à vida após a
morte. Era chamado Guardião do Segredo; um relevo da 19ª. dinastia em Abydos
retrata Anúbis sentado sobre uma arca, enquanto o faraó lhe apresenta um filão
cónico da preciosa pedra. Exemplos de artefactos de Serábít de especial
importância a respeito da preciosa Pedra (o mfkzt) são duas estelas de
extremidade arredondada dos reinados de Tutmoses III e Amenhotep III da 18ª dinastia.
A primeira, que retrata Tutmoses apresentando um filão cónico ao deus Amon-Rá,
traz inscrito: a apresentação de um pão branco que pode dar a vida. A segunda
mostra Amenhotep oferecendo um filão cónico ao deus Sopdu e afirma: ele dá o
ouro da recompensa; as bocas regozijaram-se. A partir disso, esclarece-se que o
pão de pó branco era percebido como um doador de vida e que era realmente feito
de ouro.
A Pedra do Paraíso. Doadora de Vida
Desde os primeiros dias da
história dinástica egípcia, o Sinai não er um país separado, mas parte integral
do Egipto. Embora não tivesse guarnição militar ou governador residente, estava
directamente sob controle faraónico. Durante a 18ª dinastia, época de Moisés (a
dinastia de Akenaton e Tutankhamon), o Sinai peninsular estava sob a supervisão
de dois oficiais: o Chanceler Real e o Mensageiro Real em terras estrangeiras.
Na época dos antepassados imediatos de Akhenaton, Tutmoses IV e Amenhotep III,
o Mensageiro Real era um oficial chamado Neby. Era também o prefeito e
comandante de tropas de Zaru na região de Goshen, no Delta (ou Gesem, como
citado na Septuaginta), onde os israelitas (descendentes de Jacó-Is-rael, em oposição
aos hebreus de Canaã) haviam vivido por muitas gerações desde o tempo de
Abraão. A posição de Chanceler Real era tradicionalmente mantida na família
hicsa de Pa-Nehas; Akhenaton nomeara um descendente chamado Panahesy (Finéias,
no Êxodo) para o governo do Sinai. Por causa disso, Moisés sabia que o Sinai era
um porto seguro quando ele e os israelitas fizeram seu Êxodo do Delta egípcio,
porto onde havia um Templo egípcio operativo, no monte Horebe. O que sir W. M.
Flinders Petrie realmente encontrou em 1904 era a oficina alquímica de Akenaton
e das gerações de faraós que o antecederam. Ali, a fornalha deve ter rugido e
fumegado na produção do mfkzt sagrado: o enigmático pó branco de ouro. Por meio
da ingestão (como pães cénicos ou por imersão na água), ele era descrito como doador
de vida para os reis da Casa do Ouro, permitindo também a entrada no campo
superdimensional da vida após a morte. Sob essas circunstâncias o aparecimento
de um cadinho de metalurgia em Serábit recai num contexto natural.
Agora,
as palavras do Êxodo começam a fazer sentido, quando as lemos novamente com um
ponto de vista totalmente diferente: e o monte Sinai fumegava, porque o Senhor
descera sobre ele em fogo; e sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e
todo o monte tremia grandemente (Êxodo). Embora pareça anómalo que um Templo
possa ter sido uma espécie de laboratório em vez de lugar de adoração divina, é
óbvio que a anomalia não existe em termos históricos. Na verdade, é nosso
entendimento da palavra adoração que tem sido erroneamente interpretado
através das eras. A palavra semítica original, que acabou sendo traduzida como adoração,
era avód, que significava
simplesmente trabalho. Os antigos não apenas veneravam os seus deuses nos
Templos como trabalhavam para eles. A esse respeito, a Oxford Word Library
explica a base etimológica de adoração (do inglês arcaico weorc), como weorchipe,
em essência work-ship. Assim, Templos que foram oficinas de um modo ou
de outro eram norma naqueles dias; os seus dirigentes eram chamados artesãos. A
natureza do seu ofício (como no Ofício da moderna Maçonaria) era muito
relacionada com o conhecimento esotérico especial chamado de kynning.
Aqueles que guardavam os segredos eram chamados hábeis ou habilidosos. No
Novo Testamento, o pai de Jesus, José, era descrito como artesão
(aramaico: naggar e grego: ho tekton), mas, por causa de uma má compreensão, no
século XVII, dos antigos costumes, a palavra foi erroneamente traduzida como carpinteiro.
Havia aparentemente duas razões para mfkzt ser reconhecido como doador
de vida. Primeiro porque, como substância ingerida, era significativo para a
expectativa de vida dos reis. Em segundo lugar porque, após a morte, era a rota
de sua preservação num campo da vida após a morte. Claramente, não era
infalível no primeiro caso, porque os reis morriam de morte natural, assim como
em batalhas». In Laurence Gardner, Os
Segredos Perdidos da Arca Sagrada, Editora Madras, 2004, ISBN-978-857-374-901-4.
Cortesia de EMadas/JDACT
JDACT, Esoterismo, Laurence Gardner, Religião, Cultura e Conhecimento,