Com a devida vénia a Vanessa Caetano e Bruno Pedro
A origem do nome da Erra
«Conta-se que o nome desta terra era
Vila Nova, mas quando Afonso Henriques se dirigia com as suas tropas para conquistar
Santarém enganou-se no caminho e veio parar à Erra.
Perguntou então a um dos seus habitantes
qual o nome desta localidade, ao que ele respondeu: Vila Nova, meu senhor.
Então Afonso Henriques ordenou: A
partir de agora chamar-se-á Vila Nova do Erro.
Com o rodar dos tempos alterou-se
o nome para Vila Nova da Erra ou, simplesmente, Erra.
Apontamentos históricos sobre a Erra
É-me impossível dizer a idade desta
terra, que parece ser antiquíssima, já que não existem documentos históricos, pois
não houve ninguém que cuidasse da sua conservação. Não tenho dúvida em acreditar
que esta vila foi tomada aos mouros por Afonso Henriques em 1165.
A Erra foi uma povoação muito importante
fundada pelos romanos. O padre Gaspar Barreiros, no seu livro Corografia,
editado em 1560, revela que na Erra teve assento o Aritium Praetorium onde
residia o governador romano provincial e onde tinha o seu tribunal para julgamento;
facto é que aqui se têm encontrado lápides funerárias e moedas romanas.
A Erra tornou-se vila em 18 de Setembro
de 1375, possivelmente em consequência da Lei das Sesmarias. Até aí pertenceu
ao concelho de Coruche, mas nesse mesmo ano o monarca Fernando I criou a vila da
Erra, elevou-a a sede de concelho e dela fez mercê aos próprios moradores.
Nesse documento se enumeram os privilégios concedidos a todos aqueles que desejassem
vir morar para aqui, privilégios esses que foram confirmados por João I, o que
motivou que entre o concelho de Coruche e a vila da Erra começassem a surgir rivalidades.
O próprio rei teve de intervir em 1380 para resolver as questões levantadas.
Coruche não aceitava o novo concelho, mas o rei confirmou-o. A luta era por causa
dos limites, da água de regadio e cortes de madeira, tendo João I, em 1425,
traçado os limites definitivos do concelho. A Erra teve o seu Foral em 10 de Julho
de 1514, dado por Manuel I, e deve ter atingido o seu período de
engrandecimento nos princípios do século XVI. Nessa época incluía nos seus domínios
a aldeia de Santa Justa.
Na Erra havia Câmara, juiz ordinário,
cadeia, forca, hospital (propriedade da Misericórdia
em regime de internato), um convento, uma bela igreja matriz e as capelas da Misericórdia
e a de São Caetano. Em 1823-24 ainda existia Câmara, como o prova um Livro de Actas
que se encontra no Arquivo Municipal dee Coruche. Era formada por dois juízes, três
vereadores e um procurador, eleitos de três em três anos. O hospital ficava em
frente da cadeia, da qual ainda existem ruínas.
Havia também uma esquisita chaminé
a que chamavam forca, que se supõe ser do solar da família Vidigal Paes, a qual
foi demolida em 1883 e arrancados todos os alicerces da antiga casa. Encontraram
aí uma pedra sem data, mas com inscrição de uma instituição de missas pela família
Cota Falcão. O sítio ficou denominado por Casas Altas, mas vivem aqui pessoas que
dizem ter sido na Cova do Cardeta que existiu a forca». In Maria Amélia Mendes Brotas, Memórias
da Erra, Câmara Municipal de Coruche, Gráfica Central de Almeirim, 2001,
Depósito Legal 163515/01.
Cortesia da CMCoruche/JDACT
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