Os Abutres do Vaticano
O início de tudo
«Os Sclvicos de Informação da Gendarmaria
do Vaticano puseram-se de imediato em movimento, bem como os Serviços de Inteligência
da Santa Sé. 'Iodos os agentes tinham e mesma ordem: descobrir quem se encontrava
por detrás da fuga de documentos privados. O padre Federico Lombardi denunciou
publicamente e existência de um Wikileaks no coração da Santa Sé com o intuito
de desacreditar a Igreja, dado que as fugas de documentos privados do Vaticano aos
meios de comunicação italianos mostravam claramente os duros confrontos entre
os departamentos da cúria, as lutas de poder entre bertonianos e diplomatas no
seio da Secretaria de Estado, a corrupção no IOR, o mau gasto e o esbanjamento
em secções da Governação, tentativas para assassinar o Pepa, etc.
Contudo, apesar de todos os comentários,
editoriais e títulos dos principais meios de comunicação social acerca dos
documentos revelados, Bento XVI saiu em defesa do seu número dois, o cardeal secretário
de Estado Tarcísio Bertone. Os documentos exibidos no programa de Nuzzi tentavam
apresentar Bertone e o seu aliado, o cardeal Giuseppe Bertello, o todo-poderoso
chefe da Governação do Estado da Cidade do Vaticano, como opositores acérrimos das
novas orientações cle Bento XVI no sentido da cooperação financeira com as
autoridades monetárias internacionais, com o objectivo de o Vaticano entrar na 1ista
branca do Conselho de Europa, na qual se encontram todos os Estados que
combatem o branqueamento de capitais, a evasão fiscal e o financiamento de
terrorismo.
Apesar de tudo, as fugas
continuaram e na terça-feira, 24 de Abril de 2012, o Sumo Pontífice ordenou a
criação de uma Comissão Cardinalícia de Investigação, presidida pelo cardeal
espanhol Julian Herranz, um homem da Opus Dei. A primeira reunião do comité
decorreu na sexta-feira, 27 de Abril e, nessa mesma reunião, ficou estabelecido
o calendário de trabalho e o método operacional para encontrar os culpados das
fugas. Na terça-feira, 1 de Maio, realizou-se uma reunião de altos cargos da AISI
(Âgência de Informação e Segurança Interna), dos Serviços de Inteligência
italianos e uma representação da Entidade, o Serviço Secreto do Vaticano, e da
Gendarmaria. No encontro, os italianos informaram os seus homólogos do Vaticano
de que a fuga provinha do círculo muito, muito próximo do Sumo Pontífice». In
Eric Frattini, Os Abutres do Vaticano, 2012, Bertrand Editora, 2013, ISBN
978-972-252-598-5.
Cortesia de BertrandE/JDACT
JDACT, Eric Frattini, Vaticano, Literatura, Conhecimento, Religião,