sábado, 21 de abril de 2012

A propósito do ‘Livro de Horas dos Olhos D’Água em Marvão. Delmira Maçãs. «De 1913 a 1936 a correspondência entre o fundador do Museu de Etnologia e Etnologia e um dos seus principais colaboradores, António Maçãs, revela-se de extraordinária importância para o conhecimento da pessoa que foi o sábio Leite de Vasconcelos, bem como as actividades arqueológicas nesta região do Alto Alentejo»



Leite de Vasconcelos
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«Foi recentemente posto à venda um trabalho da autoria de Delmira Maçãs. Com o sugestivo título de “Livro de Horas dos Olhos d’Água", dividido em doze tempo de leitura, do Trabalho ao Mito, antecedido pelo Funeral, onde a autora conta, de forma apaixonada, num texto rico de sentimentos ‘o nascer e o morrer (!) do lago dos Olhos de Água’. Mais do que um livro que nos diz das “Horas” do lago e da sua história envolvente e por vezes paralela, é um trabalho composto por doze orações onde o ciclo da vida biológico e poético transparece.
A autora transforma o “lago dos Olhos d’Água” num ser vivo. Delmira Maçãs, que na sua prosa vive o grande amor pelo seu e/ou nosso lago, transporta do branco do papel para o bucólico e fresco espaço que foi os “Olhos de Água”.
Se este livro é o produto dum trabalho intimista, duma luta pessoal pelo seu lago, ele é também uma homenagem a um grande homem, António Maçãs, a quem a História e a Arqueologia tanto devem. Não bastasse o texto literário, a informação etnográfica, a testemunha social e política para conferir a este a importância já reconhecida, transcrevem-se 97 cartas inéditas do arqueólogo Leite de Vasconcelos para António Maçãs, fundamentais para a História da Arqueologia portuguesa.
De 1913 a 1936 a correspondência entre o fundador do Museu de Etnologia e Etnologia e um dos seus principais colaboradores, António Maçãs, revela-se de extraordinária importância para o conhecimento da pessoa que foi o sábio Leite de Vasconcelos, bem como as actividades arqueológicas nesta região do Alto Alentejo.
Deve-se a seu pai a preservação e estudo de grande parte do património arqueológico do concelho de Marvão. Pedindo, comprando, alertando e escavando António Maçãs conseguiu que da cidade romana de Ammaia chegasse até nós um importantíssimo espólio, sem o qual seria impossível conhecer a presença romana nesta região.
[…]
Em trabalho tão completa, pena é que Delmira Maçãs não transcreva integralmente, como o fez em relação à Câmara de Portalegre, as tomadas de posição públicas da Câmara de Marvão sobre o diferendo da exploração de águas na freguesia da Aramenha, que seriam fundamentais para que os vindouros melhor ajuizassem a situação de se criou.
O “Livro de Horas” é uma área de influência como tema de estudo». In Jorge Oliveira, 1991, Delmira Maçãs, Livro de Horas dos Holhos d’Água em Marvão, edição da autora, Lisboa, 1991, Ibn Maruán, Revista Cultural do Concelho de Marvão, Coordenação de Jorge Oliveira, nº 1, 1991.

Cortesia da C. M. de Marvão/JDACT