Cortesia de pepemendoza
Com a devida vénia a José António Maldonado.
As estações meteorológicas oceânicas. O Barco K
Não cheguei a conhecer o meteorologista Mariano Medina, mas li muitos publicações de sua autoria. O autêntico «hombre del tiempo», atendendo que foi um dos pioneiros e assim baptizado por Bobby Deglane.
«Mariano Medina, fazia com frequência alusão ao «barco K». Pois bem, para quem não sabe do que se trata, escrevo algumas linhas sobre o assunto. Quando começaram a realizar-se os voos de transporte trans-oceânicos pôs-se em evidência a necessidade de dispor de uma informação meteorológica nas rotas. Desde o começo da década dos anos vinte, o Serviço Meteorológico francês vinha propondo estabelecer um conjunto de barcos fixos de observação do tempo no Oceano Atlântico Norte.
No ano de 1938, um avião da Pan América despenhou-se no Oceano Pacífico devido a condições meteorológicas adversas, e a partir daí a marinha dos USA começou a fazer estudos com o lançamento dos balões piloto e comprovando a sua utilidade.
Anos mais tarde, em 1946, (ano da criação do Serviço Meteorológico Nacional, nota de JDACT), celebra-se em Londres a «Conferência de Estados do Atlântico Norte para Estações Meteorológicas Atlânticas» e nela ficou acordado estabelecer uma rede de 13 estações fixas, custeadas por 19 países. Os USA ficaram responsáveis pela operacionalidade de 7 dessas estações fixas, enquanto que as restantes 6 ficaram à responsabilidade de alguns Estados europeus.
Posteriormente, em 1949 e em 1954, a rede de estações fixas foi reduzida devido aos elevados custos de manutenção, fixando-se em 9 / 10. Estas estações meteorológicas denominavam-se por letras maiúsculas (A, B, C, D, E, H, I, J, K y M) e assinalavam um ponto que era a sua posição teórica, por exemplo, o Barco K tinha as coordenadas 45ºN 16ºW, mas na realidade não eram barcos ancorados, mas «estações meteorológicas» a bordo de navios que se moviam em torno desse ponto, dentro de uma quadrícula de 10 milhas de lado.
Cortesia de 08pc10es
A missão primordial destas embarcações era realizar observações meteorológicas à superfície de 3 em 3 horas e sondagens atmosféricas mediante sondas ou balões de 6 ou 12 horas, que mediam a temperatura, a humidade, a pressão e a direcção do vento, chegando a alcançar altitudes de 18 000 metros. Eram dados de enorme relevância. Por vezes, eram obrigados a sair da sua quadrícula afim de auxiliarem embarcações em perigo, ou inclusivé, algum avião que fosse obrigado a amarrar, como foi o caso ocorrido no dia 4 de Setembro de 1960, em cuja ajuda foi preponderante o Barco A, salvando os 2 tripulantes em perigo.
Há que prestar homenagem aos técnicos que realizavam o seu trabalho naqueles navios em missões que duravam entre 20 e 25 dias, sendo substituídos por outra embarcação. A Estação Meteorológica K era coberta por dois barcos franceses. Durante a permanência tinham que suportar, por vezes, fortes temporais sem possibilidade de poder abandonar a zona de jurisdição.
Com o passar do tempo, estas «estações meteorológicas» que tão extraordinário serviço prestaram à comunidade internacional, foram perdendo a sua utilidade. Outros sistemas de medição e transmissão de dado s foram surgindo. Os satélites meteorológicos e as bóias marítimas proporcionam na actualidade a informação necessária para a navegação aérea e marítima.
Em 1977, o último barco fixo que cumpria a sua missão de «estação meteorológica» foi substituído por uma bóia.
O Barco K estava localizado a noroeste da Península Ibérica, recordo 45ºN 16ºW, e tudo o que ali ocorria era um modo indicativo do que vinha a acontecer horas depois na PI (recordo as palavras do colega mais velho Costa Reis:
- «atenção aos dados do barco K, são importantes para nós», (nota de JDACT).
In José António Maldonado.
A amizade do colega JDACT.