quarta-feira, 9 de novembro de 2011

António Ventura. José Frederico Laranjo (1846-1910): «Resta Avis, onde contamos com dedicações muito firmes, mas insuficientes para contrabalançarem as outras influências do círculo. Por isso resolvi abandonar o círculo de Fronteira à oposição»

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O político. Na Câmara dos Deputados
«O ideal era ser candidato por um dos círculos do distrito de Portalegre, o que era lógico dado ele ser natural de Campo Maior e ter desenvolvido em Elvas uma actividade de relevo nas fileiras progressistas, nomeadamente na redacção do jornal “O Correio Elvense”. O problema era encontrar um círculo disponível... Vejamos o seguimento do encontro. Lourenço Cayola perguntou a José Luciano: V. Ex.ª já pensou no círculo por onde me tenciona propor?
  • - Desejaria que viesse representar um dos círculos do seu distrito. Mas isso afigura-se-me difícil e naturalmente terei de apresentar o seu nome, por um outro, que ainda não tenho fixado.
  • - Porque no distrito de Portalegre há só três círculos: o da capital do distrito, o de Elvas e o de Fronteira. O primeiro cabe de direito ao Dr. Frederico Laranjo, a quem o partido progressista deve os mais dedicados serviços. Pelo segundo parece-me conveniente apresentar a candidatura do Eusébio Nunes, mesmo para ver se acabam as desinteligências dos nossos correligionários de Elvas.
  • - Resta o de Fronteira, interrompi eu.
  • - Por esse não o proponho, replicou José Luciano de Castro, porque os regeneradores tem nele uma grande preponderância».
O dirigente progressista fez então um diagnóstico completo da situação daquele círculo eleitoral, que não resistimos a transcrever pelo que representa de conhecimento real da situação concelho a concelho, e pelo diagnóstico político que traça da região: «Constituem esse círculo os concelhos de Fronteira, Crato, Alter, Avis e Ponte de Sor. No Crato, os progressistas dispõem de pouca ou nenhuma influência. Fronteira é um concelho pequeno onde os nossos adversários, devido sobretudo à influência do Marquês da Praia, estão em grande maioria. Em Alter temos amigos valiosos, mas sem boa organização e deixam-se facilmente suplantar pelos regeneradores. A Ponte de Sor é um feudo absoluto da família Vaz Monteiro, cujo chefe não tem filiação partidária definida, embora se incline um pouco mais para os partido que nos é adverso, seguindo em geral uma política regionalista, preocupando-se exclusivamente com os interesses da sua terra. Resta Avis, onde contamos com dedicações muito firmes, mas insuficientes para contrabalançarem as outras influências do círculo. Por isso resolvi abandonar o círculo de Fronteira à oposição».

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A legislatura que se iniciou em 1879 foi de curta duração, sendo a Câmara dissolvida. O governo progressista promoveu eleições que se realizaram a 19 de Outubro de 1880. José Frederico Laranjo publicou então dois documentos políticos. O primeiro é um relatório dirigido aos eleitores do círculo de Portalegre, onde prestava contas do trabalho realizado e analisava o porquê da convocação de novas eleições justificando ao mesmo tempo a actuação do governo progressista. No segundo manifesto, datado de Fevereiro de 1880, defendia o governo contra as acusações formuladas pelos regeneradores locais. O Partido Progressista acabou por triunfar mas a vitória foi de pouca duração. O governo chefiado por Anselmo José Braancamp caiu em Março de 1881, sendo substituído por um novo elenco governativo chefiado por Rodrigues Sampaio. Era o regresso ao rotativismo que tanto caracterizou o sistema nascido da Regeneração. O novo governo carecia, como era usual, de maioria parlamentar, e a única via para o conseguir passava por nova dissolução da Câmara dos Deputados e pela convocação de eleições». In António Ventura, José Frederico Laranjo, Colecção Estudos de História Regional, Edições Colibri, Lisboa, 1996, ISBN 972-8288-48-4.

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