sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Os reis dos mares. Um mundo repleto de piratas e corsários defensores da Liberdade: « Destaca-se entre todos o inigualável português Eanes de Gomera, o seu braço direito, inteligente como poucos, combatente excepcional, um mestre dos disfarces, audaz e leal…»


Cortesia de fabiopestanaramos

«Os eufónicos nomes de Mompracem, Malásia, Bornéu criam na nossa fantasia um mapa imaginário de um mundo repleto de piratas e corsários defensores da liberdade.
Tem os olhos furiosos, injectados de sangue, clamando vingança pelas injustiças dos colonizadores britânicos que lhe roubaram as terras de que deveria ter sido rei. No seu cinto pendia uma cimitarra, uma espada de aço de lâmina encurvada, punho protector e um único gume mortal, que lhe serviu para ganhar o respeito e o temor dos seus adversários. É alto, esbelto, de musculatura forte e resplandece com uma beleza estranha que lhe dão os cabelos longos, os olhos negros, os dentes finos… Todos lhe chamam o «Tigre da Malásia», mas o seu nome verdadeiro é “Sandokan”. Com estas características, Emílio Salgari deu vida à personagem do nobre pirata Sandokan, antigo rei da ilha de Muluder, próxima da costa de Bornéu, que testemunhou a aniquilação da sua família e do seu povo às mãos das forças inglesas, sem saber que estava a criar uma autêntica lenda da literatura.



Um parau de Java
Cortesia de historiapensante

O Tigre da Malásia faz de lorde James Brooke, o primeiro rajá branco proveniente de Inglaterra, o seu acérrimo inimigo, e todos os seus esforços irão no sentido de acabar com este adversário terrível. As suas aventuras passavam-se quase sempre a bordo do seu barco, seguindo rotas traçadas em mapas desenhados sobre pergaminhos envelhecidos, disposto a encontrar os tesouros mais lendários nas terras mais remotas.

Os tigres de Mompracem
Mas Sandokan não vivia sozinho as suas aventuras: desde a sua primeira aparição no jornal “La Nuova Arena”, em 1883, o antigo príncipe malaio teve sempre a acompanhá-lo um grupo de piratas aguerrido, conhecidos por todos como os tigres de Monpracem. Destaca-se entre todos o inigualável português Eanes de Gomera, o seu braço direito, inteligente como poucos, combatente excepcional, um mestre dos disfarces, audaz e leal… mas que, antes de mais, é um homem céptico, decepcionado com o colonialismo, defensor das causas perdidas que o obrigam a ser um clandestino em terras dominadas pelos ingleses; mas é optimista, engenhoso e irónico, agindo sempre como contraponto à seriedade do seu amigo Sandokan. Na realidade, Eanes simbolizava a perda de poder da cultura latina, naquela época em franco retrocesso, que tenta mostrar a sua oposição diante de tudo o que era britânico.


Cortesia de picasa

O coração britânico
O calcanhar de Aquiles deste herói romântico tem nome e apelido:
  • Lady Marianna Guillonk é uma pequena deusa de carne e osso, uma mulher de uma beleza angelical, irresistível, de corpo alto e esbelto, capaz de lançar relâmpagos paralisantes dos seus olhos azuis, disposta a dar a sua vida para amansar um pirata.
Lady Guillonk deveria simbolizar tudo o que Sandokan odeia, tudo o que ele combate, mas Salgari soluciona-o dando à personagem uma origem não britânica: apesar de o seu pai e de o seu apelido serem ingleses, corre-lhe nas veias sangue italiano, pois a sua mãe nascera no golfo de Nápoles.
Pela sua beleza, chamam-lhe “a Pérola de Labuan”, e é este o tesouro pelo qual o feroz Sandokan arriscará a sua vida e a de todos os tigres de Mompracem, já que só através do amor poderá redimir-se, aplacar a sua vontade de vingança, pôr fim às suas aventuras…». In Gayban Grafie, 283115/08, 2009, ISBN 978-989-651-085-5.

Cortesia de Gayban/JDACT