Avental de mestre do Rito Escocês Antigo e Aceito
Cortesia de caleidoscopio
«Denunciados à Inquisição (maldita) em 1743, os maçons da loja de coustos foram presos e sentenciados, sendo o Venerável - Coustous – e os dois vigilantes condenados a degredo e às galés. Depois deste primeiro momento de repressão, a maçonaria só voltou a ganhar uma nova dinâmica durante o governo do marquês de Pombal, que teve para com ela uma atitude de tolerância. Em 1763 havia em Lisboa uma Loja inglesa e mais duas, uma francesa e a outra englobando militares e civis.
Após a morte do rei D. José, em 24 de Fevereiro de l777, renovaram-se os ataques à maçonaria, com a prisão de intelectuais como José Anastácio da Cunha e o exílio de outros, como Filinto Elísio. Pina Manique assumiu um papel destacado nessa perseguição, parte integrante da luta contra as novas ideias que a revolução francesa projectava. Com a vinda para Portugal de tropas inglesas, em 1797, a fim de ajudarem o nosso país contra uma hipotética agressão da Espanha e da França, regressou a tolerância imposta pela enorme influência que a maçonaria tinha em Inglaterra.
Muitos dos militares que vieram eram maçons e em terras portuguesas continuaram a sê-lo, tendo até fundado lojas regimentais e outras onde foram iniciados portugueses, tanto militares como civis. Em Maio de 1802 foi assinado um tratado com a Grande Loja de Inglaterra e igual iniciativa foi feita junto do Grande Oriente de França. Em 1804 foi fundado o Grande Oriente Lusitano e eleito como primeiro grão-mestre o desembargador Sebastião José de São Paio de Melo e Castro Lusignan. Em Julho de 1806 era votada a primeira constituição maçónica portuguesa, adoptando o Rito francês como rito oficial do grande oriente lusitano. As invasões francesas e a presença inglesa perturbaram significativamente a actividade da maçonaria, dividida entre aquelas duas influências, a qual sofreu um vaga repressiva em 1810 com a chamada «Setembrizada», em que foram presos e deportados dezenas de suspeitos de simpatizarem com os franceses e de serem maçons. Apesar da adversidade, a maçonaria resistiu e foi-se reorganizando, com o regresso de expatriados como Gomes Freire de Andrade, que foi eleito grão-mestre.
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Mas a sua prisão e execução, em 1817, juntamente com outros companheiros, acusados de sedição, veio de novo lançar uma sombra sobre a actividade maçónica, num clima de franca hostilidade que foi agravado pela revolta de Pernambuco naquele mesmo ano. Em 1818, um alvará de D. João VI secundava a condenação do papa Clemente XII, proibindo as sociedades secretas, incorrendo os seus membros no crime de lesa-majestade, com severas penas que podiam ir até à condenação à morte e ao arresto de bens. Muitas lojas suspenderam prudentemente a sua actividade mas, simultaneamente, surgiam sinais de sentido contrário. Diversos maçons figuram entre os principais organizadores do Sinédrio e dos promotores do pronunciamento de 24 de Agosto de 1820, no Porto, que iniciou a chamada revolução liberal.
O liberalismo em Portugal e o seu triunfo deveu-se, em larga medida, à maçonaria. Até 1823, os maçons portugueses participaram activamente na vida política, nomeadamente nas cortes constituintes, mas depois da reacção contra-revolucionária da «Vilafrancada», registou-se uma nova e vigorosa perseguição que se foi atenuando em 1824, com a derrota da «Abrilada». Em 1828, após o regresso de D. Miguel e a sua subida ao trono, a maçonaria foi banida e os seus membros ou suspeitos de o serem presos sem contemplações, alguns executados, buscando muitos outros o exílio salvador. Perseguida sem piedade em território nacional, foi no estrangeiro, na agrura do exílio, que a maçonaria portuguesa se reorganizou, mas as divergências políticas que eram profundas e dividiam irremediavelmente o campo liberal acabaram por contagiar a maçonaria, que devia, por natureza, permanecer imune às questiúnculas políticas.
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O alinhamento dos diversos grupos de liberais, uns mais moderados e outros mais avançados, as rivalidades pessoais, tudo isso levou à criação de maçonarias paralelas e de Orientes rivais, situação que não só não terminou em 1834, com a vitória constitucional, como se agravou. Os liberais elegeram dois grão-mestres no exílio: José da Silva Carvalho e Saldanha. De regresso a Portugal, coexistiram dois Orientes rivais, com os respectivos grão-mestres, sendo ainda criado um terceiro Oriente no Porto, dirigido por Passos Manuel. Se é verdade que essa época de consolidação do liberalismo foi de consagração e de triunfo para os pedreiros-livres portugueses, ela constituiu, simultaneamente, um mau exemplo quanto ao que a maçonaria não deve ser. Cada obediência era utilizada pelas facções políticas como um seu prolongamento, uma espécie de braço discreto através do qual procuravam influenciar a sociedade portuguesa e ganhar apoios. Até 1869 sucederam-se as estruturas maçónicas paralelas e concorrentes, com uma genealogia complexa e múltiplas dissidências, das quais a mais significativa será o Grande Oriente Lusitano, que teve como grão-mestre José de Moura Coutinho, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, o qual fez aprovar em 1840 uma nova constituição. Em 1843 existiam 80 oficinas em funcionamento, das quais 34 no Grande Oriente Lusitano, l7 no Oriente Passos Manuel, 15 no Grande Oriente de Silva Carvalho, 11 no Oriente Saldanha, e ainda a loja provincial do Oriente Irlandês, dependente do grão-mestrado de Dublin, com três ou quatro lojas». In António Ventura, A Maçonaria no distrito de Portalegre, editora Caleidoscópio, 2007; ISBN 978-989-8010-84-1.
com amizade.
Cortesia de caleidoscópio/JDACT